A agricultura brasileira usa 70% de nossos recursos hídricos

*escrito por Fabiane Kuhn da empresa Raks e Robson Correa para o BLOG

A água é o recurso mais poderoso que a natureza nos confere, sendo vital para a nossa sobrevivência, não apenas para consumo, mas também de fundamental importância na produção de alimentos. Conforme apurado pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), no Brasil cerca de 70% dos recursos hídricos são destinados à agricultura, outros 20% ao setor industrial e os últimos 10% têm como destino o abastecimento residencial. Essa média mantém-se de maneira aproximada ao uso de água no mundo. Olhando para estes números, percebemos o impacto que a água ou a falta de exerce sobre a agricultura e consequentemente no suprimento de alimentos à população. Existem duas grandes preocupações voltadas ao uso da água no campo: 1)Do montante de água destinado à atividade agrícola, cerca de metade não recebe ideal manejo, causando a perda desse recurso. Em outras palavras, o uso é ineficiente e no final das contas 50% da água utilizada não contribui para uma melhor produtividade, aumentando ainda os custos de produção, 2) A estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas) é de que a população mundial em 2050 ultrapasse a casa dos 9 bilhões de pessoas. Como consequência, a produção de alimentos precisará aumentar em cerca de 70% (FAO) para suprir a demanda.

O Brasil é detentor da maior reserva de água doce do mundo, tendo aproximadamente 12% (ANA) do total disponível no planeta. Embora haja um certo comodismo hoje em virtude dessa abundância, à medida que o crescimento populacional avança, a demanda por alimentos igualmente aumenta e o espaço produtivo possui um teto de expansão que está muito próximo de ser alcançado. Com isso, a palavra-chave a ser usada é eficiência, para aumentar essa capacidade produtiva no mesmo espaço geográfico. A agricultura no país teve forte intervenção da tecnologia nos últimos 50 anos. Contudo percebe-se que há ainda uma enorme carência de mecanismos que possibilitem um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e que reflitam diretamente no volume de produção. O gráfico abaixo ilustra a produção de milho no Brasil, que era de 38 milhões de toneladas em 1975 e cresceu mais de seis vezes até 2017. A área plantada apenas dobrou nesse mesmo período.

Fonte: Conab

A curva ascendente mostrada no gráfico traz de certa forma um otimismo. Os investimentos em pesquisas agrícolas e consequente avanço nas tecnologias e ciências favoreceram tais resultados. Ainda assim, o uso de máquinas no campo, que foi impulsionada na década de 70, impactou mais fortemente nesses números, pois automatizou os processos, tornando o manejo agrícola escalável e com menor mão-de-obra humana. A mecanização da agricultura contribui para que haja uma maior velocidade e força nas operações. Todavia, ainda é notável a necessidade que o Brasil possui de investir em desenvolvimento de tecnologias que proporcionem ao produtor inteligências que otimizem o uso dos recursos e ainda facilitem a sua atividade no campo.

Como exemplo prático, Israel é referência em pesquisa e desenvolvimento voltados ao agro. O país que possui território composto de deserto e terra semiárida, praticamente não possui vegetação nativa. A escassez de recursos faz com que Israel lidere a revolução no manejo da água, por exemplo. Este é um belo modelo a ser seguido pelo Brasil. A aplicabilidade de tecnologias digitais ao campo faz com que o produtor tenha uma inteligência trabalhando a seu favor, que o ajudará no planejamento e nas estratégias empregadas através dos dados que são gerados, coletados e analisados, para posteriormente serem convertidos em ações, aprimorando assim muitas etapas do ciclo produtivo. Neste contexto surgem algumas startups, que nascem justamente com o propósito de ajudar o produtor a fazer melhor uso dos recursos, que no Brasil é tão abundante ainda, e otimizar a capacidade produtiva do campo. A Raks Tecnologia Agrícola, por exemplo, possui um sistema inteligente de otimização do processo de irrigação. Este sistema dá ao produtor subsídios para um controle eficiente do manejo na lavoura como um todo, fornecendo informações como temperatura, umidade do solo através de sensores que atuam com o princípio físico TDR e com isso geram dados de alta precisão, por ser uma tecnologia de ponta, status do equipamento de irrigação e da disponibilidade hídrica, além de insights sobre a performance e gerenciamento da atividade.

Sistema da Raks Tecnologia Agrícola, 2021.

 

Por fim, há de se dizer que, muito embora o Brasil esteja a passos morosos, começam a surgir algumas tecnologias capazes de atender às necessidades que se postam relacionadas ao consumo de água no agro e seu uso otimizado. Trata-se de um grande avanço, reforçando a importância de o meio rural ser cada vez mais eficiente, produzindo mais com menos recursos. Somente desse modo o campo suportará a crescente demanda de alimentos por parte da população.

 

REFERÊNCIAS

https://www.ana.gov.br/noticias-antigas/quase-metade-da-a-gua-usada-na-agricultura-a-c.2019-03-15.2354987174

https://www.embrapa.br/visao/trajetoria-da-agricultura-brasileira

https://raks.com.br

1 thought on “A agricultura brasileira usa 70% de nossos recursos hídricos”

  1. A autora deveria considerar o efeito nefasto do uso de pivôs em exagero. Os rios secam e por vezes somem. O prejuízo é óbvio. O mais escancarado é o fim do uso do rio para transporte fluvial. E o pior mesmo é o próprio sumiço. O que a ANA faz para coibir tal prática predatória ?

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