A indústria naval americana tornou-se líder mundial à base de subsídios e compras governamentais

A indústria naval americana tornou-se líder mundial à base de subsídios e compras governamentais. Era considerada estratégica. Nas últimas décadas, redução do investimento estatal gerou acelerado declínio, que tem se traduzido em vulnerabilidade econômica. Desde 1960, a frota naval de carga americana caiu de 16% da frota mundial para 0,2% graças à redução do apoio do governo ao transporte marítimo e ao aumento dos paraísos fiscais no exterior. No momento em que o transporte marítimo dominou o mundo, os Estados Unidos desistiram da indústria naval. Em 1960, quando o mundo movimentava 1,2 milhão de toneladas de mercadorias por navio, a frota americana respondia por 16% do total da capacidade mundial de transporte de carga. Em 2019, o comércio global disparou para 10,7 milhões de toneladas – mas as transportadoras domésticas dos Estados Unidos estão movimentando apenas uma parte dele. A Marinha Mercante dos EUA agora representa apenas 0,2% dos navios do mundo. Enquanto isso, os EUA consomem a maior parte das mercadorias transportadas por contêineres de transporte de qualquer país. O transporte marítimo não é tão lucrativo quanto parece. Os navios precisam estar pelo menos 90% cheios para dar lucro. É por isso que, durante todo o século 20, grandes navegadores como o Reino Unido subsidiavam a construção e operação de suas linhas de carga. No início dos anos 1900, os Estados Unidos eram fortemente dependentes das frotas de carga da Alemanha e do Reino Unido. Mas a guerra constante tinha aqueles navios europeus engajados de outra forma. Assim, a América começou a desenvolver seus próprios grandes transportadores oceânicos. Em 1936, o Congresso estabeleceu a Comissão Marítima dos EUA. Foi encarregado de construir uma nova frota de navios mercantes financiados pelo governo com recursos de US $ 1 bilhão (em 2021 dólares) a cada ano para fazer isso. Nos relatórios anuais da comissão, as autoridades argumentaram que tal frota era crucial para a defesa nacional do país. A comissão planejava construir 500 navios ao longo de 10 anos e acabou construindo 5.777 navios do final dos anos 1930 até 1950. Muitos dos navios que compunham a frota americana de 3.000 navios nos anos 50 vieram desse esforço da Comissão Marítima dos Estados Unidos. Destinavam-se a apoiar os esforços da América durante a guerra.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, esta frota enorme se tornou a frota de carga americana. Esses navios não seriam substituídos com o mesmo vigor que foram construidos. A Comissão Marítima foi dissolvida em 1950. O governo sabia que o custo de prodcuao dos navios era muito elevado e temia pela perda dessa frota. O governo decidiu então criar subsídios pata manter a produção de navios nos EUA. Dois programas foram criados: o subsídio diferencial de exploração (ODS) e o subsídio diferencial de construção (CDS). Ao longo das décadas de 1960 e 1970, os contribuintes gastaram bilhões por ano para apoiar a construção e operação de navios americanos. Não foi suficiente para manter a frota que os americanos construíram durante a Segunda Guerra Mundial. De 1960 a 1980, a frota de carga doméstica americana encolheu de 2.926 navios para 864. Sob a administração Reagan, o governo parou de subsidiar os gigantes marítimos americanos. As duas maiores transportadoras de carga da América começaram a sair dos Estados Unidos na década seguinte. A Maersk, uma transportadora dinamarquesa, adquiriu uma, enquanto a francesa CMA CGM adquiriu a outra. Para onde foi a forta mundial? Para onde foram esses navios? Os novos gigantes do mundo dos navios sao: Panamá, Libéria e as Ilhas Marshall! Esses três países têm o maior número de navios por tonelagem de porte bruto registrados com suas bandeiras. Um truque em que um navio pode pertencer e ser operado por um grupo, mas registrado em outro país. Cerca de três quartos dos navios do mundo são registrados em um país diferente de onde eles pertencem. A gigante marítima alemã Hapag-Lloyd, por exemplo, opera o navio Afif, que pertence a uma empresa com sede nos Emirados Árabes Unidos. Mas Afif navega sob a bandeira das Ilhas Marshall. Países como as Ilhas Marshall têm um “registro aberto” no qual qualquer pessoa pode registrar seu navio, às vezes chamado de “bandeira de conveniência”. A razão para essa complexidade é, obviamente, a economia de dinheiro. Registrar um navio no Panamá significa que você pode contratar mão de obra mais barata, lidar com menos regulamentações de segurança e evitar impostos. O governo americano abandonou sua ideia do século 20 de que uma indústria de transporte marítima robusta é crítica para uma nação forte. Essa mudança coincidiu com um aumento no comércio de 1979 a 2019 de três vezes. Os navios, que aumentaram em tamanho médio cinco vezes desde 1990, estão se tornando grandes demais para atracar em alguns desses portos americanos. Os Estados Unidos comecam a ficar para tras nos oceanos.

Referencias:

https://directory.campbell.edu/people/sal-mercogliano/

https://www.amazon.com/-/pt/dp/1087902762/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=giants+of+the+sea+hardcover&qid=1624204353&s=books&sr=1-1

https://www.mckinsey.com/business-functions/strategy-and-corporate-finance/our-insights/the-hidden-opportunity-in-container-shipping#

https://www.businessinsider.com/how-america-quietly-lost-2700-ships-maritime-dominance-2021-6

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