*escrito com Luiz Antonio Rodrigues e Andre Roncaglia da UNIFESP
O grafico acima mostra 4898 produtos do comercio mundial usando o sistema de rubricas HS de 6 dígitos produzidos e exportados por 236 países (https://www.foreign-trade.com/reference/hscode.htm). As contas para renda per capita foram feitas usando pib p/c ppp constantes de 2017. Replicamos a metodologia de Felipe (2012). Cada ponto e’ um produto do comercio mundial com a media ponderada da renda per capita dos países que exportam esse produto durante o período 1995-2017 no eixo X. No eixo Y temos a complexidade do produto. O gráfico mostra que há um claro padrão de produtos associados a renda per capita elevada. Produtos da China em vermelho e dos EUA em azul. Pode ser lido como uma versão da escada tecnológica que países precisam subir em termos de complexidade do sistema produtivo. O eixo Y mostra a complexidade dos produtos.
Hausmann et al (2011) usam técnicas de computação, redes e complexidade para criar um método capaz de medir a sofisticação produtiva ou “complexidade econômica” de países com extraordinária simplicidade. A partir da análise da pauta exportadora de um determinado país, são capazes de medir de forma indireta a sofisticação tecnológica de seu tecido produtivo. A metodologia criada para a construção dos índices de complexidade econômica culminou num Atlas (http://atlas.media.mit.edu) que reúne extenso material sobre uma infinidade de produtos e países desde 1963. Os dois conceitos básicos para se medir se um país é complexo economicamente são a ubiquidade e diversidade de produtos encontrados na sua pauta exportadora. Se uma determinada economia é capaz de produzir bens não ubíquos, raros e complexos, há indicação de que tem um sofisticado tecido produtivo. Os bens não ubíquos devem ser divididos entre aqueles que têm alto conteúdo tecnológico e, portanto, são de difícil produção (aviões, por exemplo) e aqueles que são altamente escassos na natureza, por exemplo, diamantes, e, portanto, tem uma não ubiquidade natural.
Para controlar esse problema dos recursos naturais escassos na medição de complexidade, os autores do Atlas usam uma técnica engenhosa: comparam a ubiquidade do produto feito num determinado país com a diversidade de exportação de países que também exportam esse produto. Por exemplo: Botsuana e Serra Leoa produzem e exportam algo raro e, portanto, não ubíquo: diamantes brutos. Por outro lado têm uma pauta exportadora extremamente limitada e não diversificada. Temos aqui então casos de não ubiquidade sem complexidade. Por outro lado, poderíamos citar equipamentos médicos de processamento de imagem (raio-X), algo que praticamente só países ricos conseguem fabricar, certamente um produto não ubíquo. Só que nesse caso a pauta exportadora de Japão, EUA e Alemanha são extremamente diversificadas, indicando que esses países são altamente capazes de fazer várias coisas. Ou seja, não ubiquidade com diversidade significa “complexidade econômica”. Um país que tenha uma pauta muito diversificada mas em bens ubíquos (peixes, tecidos, carnes, minérios, etc…) não apresenta grande complexidade econômica; faz o que todos fazem. Dessa forma, diversidade sem não ubiquidade significa falta de complexidade econômica. O mesmo raciocínio se aplica par aferiacao da complexidade dos produtos. Aqueles produzidos por poucos países com pautas de exportacao diversificadas são considerados produtos complexos. Produtos feitos por muitos países com pautas de exportação não diversificadas são considerados de baixa complexidade.