A economia do desmatamento na Amazônia

*escrito por Danilo Araujo

O fenômeno associado ao problema da grilagem de terra (ou “produção de terras” para o mercado), é um assunto ainda bastante negligenciado, e tratado de forma muito superficial. O problema é que ele é central para qualquer possibilidade de solução do problema do desmatamento a médio prazo. E ele que gera de maneira imediata o desmatamento em sua grande medida e escala. A falta de fiscalização é apenas mais um sintoma do que a causa do problema. Isso tem que ser compreendido. São os ganhos com a grilagem que geram o poder político desse sistema de produção de terras, que se associa por sua vez em consórcio com outras atividades ilegais (como garimpo, exploração de mandeira) e legais (como pecuaria e soja). Temos que entender isso como um sistema econômico em expansão na Amazônia e não de maneira setorializada. Os ecólogos e biólogos precisam colocar essas variáveis econômicas em suas análises. Esse não é o objeto de reflexão científica deles. daí acabam restringindo todo o problema a questão da fiscalização e regularização fundiária como solução mágica. A regularização fundiária (como um processo de regularização da grilagem) é também de interesse desse sistema. Regularização da privatização de terras públicas. Temos que abrir a caixa preta e discutir afinal que regularização é essa que está se falando. O negócio é bem mais complexo do que aparenta. Acho esse um gargalo fundamental, e uma grande limitação no debate em geral Associado ao tema do desmatamento. Outra questão é o problema das vias econômicas alternativas para o desenvolvimento de uma bioeconomia. Essa discussão é necessária antes de se entrar nas discussões futuristas, sob o risco da Amazônia 4.0 começar a rodar já numa região com um bioma sob tendência irreversível de savanizacao.

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