
*escrito com Helder Lara Filho (Unb)
A composição setorial ou estrutura produtiva de um país condiciona sua produtividade total de fatores ou riqueza relativa. Não é possível medir produtividade de uma nação sem olhar a estrutura do emprego, a estrutura de domínio tecnológico, a participação dos setores no PIB (indústria, agricultura e serviços). Essas ideias são a pedra angular do que se chama de pensamento estruturalista. Felizmente hoje temos um manancial de dados para mostrar isso. As bases de emprego mundial abaixo, por exemplo, mostram a composição de emprego de alguns países a título de curiosidade. A intensidade tecnológica dos empregos foi classificada segundo a taxonomia da OCDE em termos de porcentagem do valor adicionado que cada subsetor gasta em pesquisa e desenvolvimento (P&D); os mais intensivos em tecnologia gastam mais obviamente (tabela abaixo). Outra medida com super desagregação interessante é a complexidade econômica de Hausmann e Hidalgo (gráfico abaixo), na verdade uma medida de conhecimento produtivo/ capital humano contido em cada produto do comércio internacional. Agora tá fácil mostrar que a estrutura produtiva importa! (O desenvolvimento econômico não é setor neutro!)




fonte 2: http://www.wiod.org/release16

Esse quadro deveria ser esfregado na cara do Posto Ipiranga. A indústria aeronáutica está no topo da lista, e o Brasil entregando de bandeja a Embraer à Boeing (por um quarto do que a empresa tinha de encomendas firmes em carteira em 2018). Deve ser o velho complexo de Methuen herdado dos lusos.
Tudo certo, mas há no mundo econômico outra variável trabalhada para possibilitar ganhos especulativos, o câmbio que acabou sendo aproveitada no comércio de exportação.