*agradeço ao Brazilian Lacroeconomic Review pela oportunidade de encabeçar um de seus números especiais. Agradeço também aos comentários de meu brilhante amigo Fausto Oliveira (segue abaixo nosso vídeo debatendo o tema)

https://azul.netlify.app/2020/04/12/mas-e-a-ind%C3%BAstria/


o post faz interessantes comparações de composição setorial de varias economias do mundo usando a base de 10 setores GGDC. Ali podemos ver a diferente composição de estrutura de diversos países. Essa base tem baixo nivel de desagregação:
https://www.rug.nl/ggdc/productivity/10-sector/

A base WIOD tem quase 50 subsetores desagregados então podemos ter uma visão melhor intra indústria.

No quadro abaixo do paper de Velloso et al http://www.fgv.br/professor/epge/ferreira/ProdutividadeSetorialFinal.pdf temos alguns exemplos da base WIOD. Vemos que coreia do sul tem um pouco mais de “indústria” como participação do emprego do que o Brasil. É evidente que o que chamamos de indústria na coreia é diferente do que chamamos de indústria no Brasil por um problema de agregação da base.

A “fabula de Birigui” nos mostra uma evidencia anedótica disso. A indústria no Brasil pode ser representada como a fabrica de sapatos infantis Tip Toe em Birigui enquanto a indústria coreana pode ser representada pela fabrica de semicondutores da Samsung em Ulsan. Claro que como evidencai anedótica não tiramos nehuma inferência causal disso. Mas podemos ver em bases mais desagregadas que o brasil não tem capacidade de produzir bens high tech (ou muito poucos) seguindo por exemplo essa tabela de intensidade tecnológica feita pela OCDE.

Alguns países tem matrizes insumo produto feitas com até 400 subsetores. Mas as classificações não permitem comparações internacionais. Uma maneira ultra desagregada e comparável entre países para entender essas diferenças nas estruturas produtivas mundo afora é a base do Altas da Complexidade Economica com mais de 6.000 produtos no HS 6 dígitos (https://oec.world/en/rankings/product/hs07/?year_range=2013-2017).

La podemos ver que o Brasil é incapaz de fazer produtos super high tech (de alta complexidade) enquanto que a Coreia do Sul está na fronteria tecnológica do mundo e faz vários deles. Essas bases de complexidade permitem exercicios de inferência causal mais robustos do que o feito por Veloso et al pois trabalham com desagregações muito maiores, nos mostram mais variação relevante entre o sistema industrial brasileiro (fábrica de Birigui) e o sistema industrial da Coreia (fábrica de Ulsan).
Paper ANPEC 2019: https://www.anpec.org.br/encontro/2019/submissao/files_I/i6-f6865bd380aebd7cd9f9d025c05a61c1.pdf



gráfico do paper Shooting High and Low de Cesar Hidalgo et al: https://arxiv.org/abs/1801.05352
mas que coça o Brasil vem tomando, parabéns pelo trabalho
Prezado Prof. Paulo Gala,
Parabenizo-o também por esse texto. Nos anos de 1980 fui aluno na COPPE/UFRJ e na época defendi uma dissertação baseada em experimentos sobre um equipamento de tratamento de minérios. Na época utilizei uma técnica de traçadores radioativos que inclusive foi motivo de comentário positivo de um docente de uma importante universidade do exterior. A intenção do meu trabalho era comprovar a eficiência do dispositivo e com isso incentivar o seu uso na produção. Perdoe-me pelo relato particular, contudo desejo exemplificar o cenário daquele período quando procurávamos (e éramos incentivados pelo Estado brasileiro) fomentar a ciência direcionada para a indústria. Não desmerecendo o resultado econômico vindo da agricultura e da mineração que atualmente utilizam muitos recursos tecnológicos, contudo cada vez mais externos (e caros), precisamos voltar (não demagogicamente) produzir a nossa própria tecnologia e sermos mais autossuficientes.
Muita luta para crescermos com eficiência e inovação e que os resultados desse progresso redundem em benefício da sociedade brasileira.
Forte abraço,
Eugenio Rybalowsky