A história de Malaca, hoje Malásia, que foi catapulta para Singapura

*escrito por Marcelo Viana para o BLOG

Málaca foi tomada pelos portugueses em 1511. Foi central para que os portugueses controlassem o Índico por cerca de um século e tivessem o controle do comércio da região com o extremo oriente (China, Japão). Portugal só perdeu Málaca para os holandeses em 1641, depois da restauração e do fim da União Ibérica. Málaca fica no estreito do mesmo nome e era estratégica para o comércio marítimo interoceânico desde tempos imemoriais. A perda de Málaca simbolicamente marca o fim do Império português mercantil no Índico e a ascensão da Holanda como potência regional. Posteriormente, possessões lusas e holandesas seriam tomadas pelos ingleses em toda a costa do Índico. Mas aí já temos o processo de construção da “pax britanica” com o domínio absoluto dos ingleses sobre os mares. A perda do Índico reorientou o Império ultramarino português para o Atlântico, vieram a expulsão dos holandeses do Nordeste, de Luanda e a consolidação do circuito econômico do Atlântico Sul como eixo de uma estratégia portuguesa que era agora territorial. Portugal novamente independente vai se pendurar no tráfico de escravos e na produção agrícola brasileira (açúcar e também tabaco) até a descoberta do ouro nas Gerais no inicio no século XVIII. Para resistir à ameaça espanhola, e depois de Napoleão, Portugal foi crescentemente se tornando um protetorado inglês. E manteve Goa (encravada na Índia britânica) e Macau (ali do ladinho de HK) até finais do século XX. Málaca e HK já eram “potências econômicas” antes que os ocidentais lá chegassem. E Cingapura absorveu a função estratégica de Málaca. E aí entra a questão dos calados dos navios e da profundidade dos portos. É sobre essa realidade econômica que se fundam as condições de possibilidade de uma pujante Cingapura independente.

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