A história do declínio de Portugal após os anos 1600 e a falta de um processo vigoroso de industrialização é um capítulo importante na trajetória do país. No século XVI, Portugal foi uma potência colonial, estabelecendo um vasto império marítimo que abrangia territórios na África, Ásia e América. No entanto, a exploração dessas colônias estava centrada principalmente na extração de recursos naturais, como ouro, prata e especiarias, em vez de um desenvolvimento industrial interno. Com o passar dos anos, a concorrência de outras potências europeias e a mudança nas rotas comerciais globais prejudicaram a posição de Portugal. A perda da independência política para a Espanha em 1580 e a subsequente união das coroas portuguesa e espanhola também desviaram recursos e oportunidades do país. Além disso, Portugal enfrentou dificuldades após o Terremoto de Lisboa, em 1755, que destruiu grande parte da cidade e afetou sua economia. Essa catástrofe abalou ainda mais o país, dificultando o investimento em projetos de desenvolvimento industrial. A ausência de uma base industrial robusta também pode ser atribuída à estrutura socioeconômica do país na época. A economia portuguesa estava fortemente baseada no latifúndio agrícola e no sistema feudal, que concentrava a propriedade da terra nas mãos de uma elite privilegiada. Isso limitava a disponibilidade de capital e a diversificação econômica necessária para impulsionar a industrialização.
Além disso, a mentalidade predominante valorizava o comércio ultramarino e a exploração colonial em detrimento do desenvolvimento interno. Os investimentos e esforços se concentravam no comércio com as colônias, enquanto a promoção da indústria era negligenciada. Enquanto alguns esforços de industrialização ocorreram, como a produção de têxteis em algumas regiões, eles não foram suficientes para estimular uma transformação econômica significativa. A falta de investimentos em infraestrutura, educação e pesquisa científica também limitou o progresso industrial. Como resultado desse cenário, Portugal passou por um período de declínio econômico relativo, com seu poder e influência diminuindo em relação a outras nações europeias. Somente no século XIX, com a chegada da Revolução Industrial, o país começou a buscar uma modernização mais efetiva. Em suma, a falta de um processo vigoroso de industrialização em Portugal após os anos 1600 contribuiu para o declínio econômico do país. Fatores como a concorrência internacional, a união com a Espanha, o terremoto devastador e a estrutura socioeconômica limitaram o desenvolvimento industrial, impedindo Portugal de acompanhar o ritmo de outras nações que se beneficiaram da Revolução Industrial e do avanço tecnológico.
referências:
Interessante a menção à indústria têxtil! Meus pais são do norte de Portugal, região do Ave, e sempre me chamou muita atenção o contraste que existe entre o campo e a indústria das chamadas freguesias da região. O contato com o campo é muito presente – vinhos e melões merecem uma menção especial – e em meio aquela paisagem misturam-se muitas fábricas, principalmente do setor têxtil.
Por lá contam uma história que até a década de 80 ninguém sabia dizer qual era a cor do rio ave, rio que corta a região. Ele variava entre os mais diferentes tons de cor a depender do horário e da encomenda que as fábricas recebiam, já que acabavam por despejar nele as tintas usadas no processo para tingir seus tecidos.
o ouro da colônia[brasil] não foi suficiente para a reconstrução de lisboa, já que na época do terremoto, a exploração do metal estava no auge