O café, a bebida mais popular do mundo, apresenta uma discrepância econômica impressionante. A história de como um produto que custa R$6,6/kg no Brasil pode ser vendido por até R$400/kg no varejo global é intrigante.
1. A Margem Diminuta do Produtor
Apesar de cultivar e colher o grão, os cafeicultores recebem apenas 0,4% do valor final do café consumido. O seu trabalho é essencial, mas a sua recompensa é mínima.
2. A Volatilidade das Commodities
Os preços das commodities, como o café, são definidos por Bolsas, e sofrem volatilidade. Em 2019, o café alcançou seu menor preço em dez anos devido a uma supersafra brasileira.
3. Brasil: Potência em Quantidade, mas não em Qualidade
Focando no segmento mais fraco da cadeia de valor, o Brasil, o principal produtor de café, se encontra na posição de tomador de preço. Países especializados em commodities raramente ditam preços.
4. A Arte da Torrefação
A torração é onde a mágica econômica acontece. Torradores de café capturam até 80% do valor do grão. É um processo que exige P&D intenso, expertise e uma profunda compreensão das preferências do consumidor.
5. Domínio das Grandes Marcas
Nestlé, Starbucks e outras grandes marcas controlam o setor de café. Apenas o top 10 representa 35% do mercado global. A fábrica da Nespresso em Schwerin, Alemanha, exemplifica essa dominância.
6. A Discrepância das Cápsulas
Produzido por apenas R$6,6/kg, o café brasileiro transforma-se em cápsulas de R$400/kg na Alemanha. Mesmo quando reexportadas para o Brasil, essas cápsulas são vendidas a preços exorbitantes, beneficiando mais os processadores do que os produtores.
7. Quem se Beneficia?
A ironia final: enquanto os salários gerados pela venda dessas cápsulas no Brasil são mais baixos, a riqueza gerada em países como Alemanha e Suíça é monumental.
A lição? A transformação e o processamento agregam valor. Para países produtores, entender e investir em etapas subsequentes da cadeia pode ser a chave para uma maior participação nos lucros de seus produtos.
Excelente texto. Todos os países desenvolvidos têm foco na tecnologia, uma lição que deveríamos aprender.