*escrito com Wilson Andrade
Não é novidade que os produtos manufaturados chineses há muito tempo deixaram de ter baixa qualidade e pouca durabilidade. Os carros e os smartphones chineses estão à prova em boa parte do mundo para confirmar. Isto também ocorreu no mercado de eletrodomésticos. Grandes empresas surgiram neste mercado: Midea, TCL, Gree Electric, Xiaomi, Haier, a estatal Hisense, Galanz, Kelon e mais centenas de outras médias e pequenas empresas. Além disso, as empresas chinesas adquiriram divisões de empresas europeias e americanas de eletrodomésticos. Hoje, as marcas chinesas são grandes concorrentes das maiores fabricantes de eletrodomésticos em todo o mundo. O papel do Estado Chinês foi preponderante para que as empresas ganhassem o mundo como afirmam Gilmar Masiero e Diego Bonaldo Coelho, em um artigo “A política industrial chinesa como determinante de sua estratégia going global”, para a Revista de Economia Política: “Um modelo produzido e articulado pelo Estado, no qual as empresas receberam tecnologia (linkage), as quais foram implementadas e desenvolvidas em parceria (leverage), propiciando aprendizado rápido (learning), capacitando-as a gerar inovaçُes locais (indigenous innovation). Com isso, a China não se torna apenas a fábrica do mundo (Gao, 2011), mas um player competitivo em tecnologia, inivação e valor agregado.
Inclusive, essa tendência já pode ser verificada em casos de setores de alta tecnologia, tais como: a expansão da Haier no mercado mundial de eletrodomésticos; a Galanz com mais da metade do mercado global de micro-ondas; a ChinaMedical como líder mundial no desenvolvimento de ultrassom; a BYD como segunda maior fabricante do mundo de baterias recarregáveis; a Vimicro com mais de 60% do mercado internacional de processadores multimedia; entre outros (Zeng & Williamson, 2007)”. Em 1991, a Haier se tornou a maior companhia de refrigeradores da China, e a partir de 1995, começa a expandir joint ventures em outros países. Em 1997, entrou no mercado americano, e em 2005, já havia conquistado 26% do mercado de pequenos refrigeradores e 50% do mercado de adegas, ocupando boa parte das prateleiras de grandes varejistas como a Walmart. Em 2016, a Haier adquiriu a subdivisão de eletrodomésticos da General Electric por U$S 5,4 bilhُes. Com a Galanz não foi diferente.Hoje, a empresa produz ¼ dos micro-ondas no mundo e já em 2002, 40% do mercado europeu, como mostra Karina Mescollotto em sua dissertação de mestrado “As transformações do modelo de desenvolvimento e a internacionalização do capital produtivo chinês”.
Referências
https://www.chinalinktrading.com/blog/eletrodomesticos-chineses/
https://monitordigital.com.br/empresas-chinesas-de-eletrodom-sticos-procuram-oportunidades-no-brasil
https://exame.abril.com.br/revista-exame/eles-ja-estao-567881/
https://exame.abril.com.br/revista-exame/na-cola-da-brastemp/
http://www.ppgec.ufscar.br/pesquisa/dissertacoes-1/dissertacoes-2018/dissertacao-karina-mescollotto