*escrito por Felipe Augusto
Desenvolver capacidades produtivas e tecnológicas é difícil. A Hyundai lançou o 1º carro “coreano” em 1974, ainda com motor japonês e design italiano. Partes de plástico trincavam, maçanetas rompiam, freios falhavam e a pintura enfraquecia em semanas. Apenas em 1991 um motor nativo foi desenvolvido e, mesmo assim, conforme suas próprias estimativas, sua produtividade não atingia metade dos da Honda e da Toyota. A reputação da marca foi péssima por anos, mas hoje a Hyundai é a terceira maior produtora de carros no mundo. Foram anos de prejuízo, sustentados por generosos subsídios do Estado, protecionismo e controles de capital, pelas demais empresas do grupo (como o segmento de construção naval) e pelas restrições à entrada de concorrentes (apenas Hyundai e Daewoo podiam vender carros leves). Diante do limitado mercado coreano, regulações restringiam o número de modelos que podiam ser fabricados, buscando gerar economias de escala. A partir de 1985 a Guerra Comercial EUA-Japão facilitou o acesso ao mercado norte-americano e mudou a empresa de patamar. Demorou e foi custoso, mas o Estado e a empresa seguiram comprometidos com uma estratégia nacional de desenvolvimento baseada em aprendizado produtivo e tecnológico. É preciso visão, ambição, pragmatismo, paciência e sorte, mas não parece ter caminho fácil para atingir alta renda.
Fontes: Lee (2011) e Noble (2011) na coletânea sobre a era Park Chung Hee (ed. Kim & Vogel) e Studwell (2013).