A missão da saúde pública no Brasil

*escrito por João Romero

As estratégias de desenvolvimento orientadas para missões ganharam terreno considerável no mundo desenvolvido nos últimos anos. O poder da abordagem de desenvolvimento orientada para a missão está na combinação de esforços de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico. Apesar dos movimentos na Europa e nos EUA, as estratégias de desenvolvimento orientadas para missões ainda não foram adotadas nas economias em desenvolvimento, pelo menos não com o enfoque que se usa hoje no mundo rico. A escassez de recursos atinge esses países em diversas áreas, dificultando a implementação de tais estratégias. A pandemia de covid-19 criou um caminho claro para políticas orientadas para missões no mundo em desenvolvimento. De acordo com o relatório da CNI Fotos da Sociedade Brasileira, “Melhorar os serviços de saúde” ficou em 1º lugar em 2018, 3º em 2019 e 2º em 2020. Entre 30 e 40% dos entrevistados indicaram que a saúde deve ser a prioridade. “Promover a criação de emprego” ficou em 2º lugar em 2018, passou para 1º em 2019 juntamente com “Melhorar a qualidade da educação” e voltou ao 1º em 2020.

O Brasil possui duas características importantes que tornam particularmente interessante uma estratégia de desenvolvimento ancorada na oferta de saúde pública. i) a capacidade produtiva já acumulada pelo SUS e pelas instituições que compõem o sistema (ex: Fiocruz & Butantan) e ii) O Brasil possui o maior sistema universal de saúde do mundo, com alto potencial de incentivos via compras públicas. A missão de melhorar os serviços de saúde cumpre o papel de missão central, fomentando atividades em diversos setores e contribuindo para a concretização de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Partindo da missão central de melhorar os serviços de saúde, utilizamos indicadores de complexidade econômica para avaliar custos (RCA e Densidade) e benefícios (PCI e tamanho de mercado) da busca de competitividade em 49 indústrias associadas ao complexo industrial de saúde. Utilizando as medidas baseadas na complexidade de custos e benefícios associados aos 49 setores relacionados à saúde identificados, elaboramos regras para estabelecer os setores mais promissores para investimentos de curto, médio e longo prazo. Entre as indústrias identificadas como promissoras estão várias indústrias dos setores de Eletrônica, Máquinas e Química, que apresentam alta complexidade econômica. As vacinas estão entre os produtos selecionados para investimento de longo prazo. As indústrias na estratégia de curto prazo são aquelas para as quais o Brasil está mais próximo de se tornar competitivo, conforme indicado pelos tamanhos dos círculos e densidade. As indústrias na estratégia de médio prazo são as que estão no meio termo. As indústrias de longo prazo são aquelas com maior complexidade (PCI). Colocar em prática esta estratégia de desenvolvimento orientada para a missão no Brasil requer:

(1) Recriar o Ministério do Planejamento

(2) Reconstruir a capacidade de financiamento do BNDES

(3) Canalizar recursos para instituições relevantes de P&D (universidades públicas, Embrapii, Fiocruz, Butantan, etc)

Trabalho sobre o tema:

http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20639.pdf

1 thought on “A missão da saúde pública no Brasil”

  1. caro PauLo Gala, por acaso você onhece a Finep eo FNDCT? Para o financiamento da Inovação, de todo o processo de inovação desde a pesquisa básic a até a comercialização pioneira, sem nenhuma causalidade linear nele, são as instituções mais importantes. Seria interessante quando falar sobre inovação ou sobre “mssion-oriented innovation progarmmes” pelo menos citá-los.Abraços e parabèns pelo contínuo esforço de analisar a indústria e a inovação no Brasil.

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