Sabemos que hj aproximadamente 50% da população trabalha informalmente, sem registro em carteira. 95% dos trabalhadores com carteira assinada ganham menos de R$5.000,00/mes. Dos que são formalizados só os top 20% que ganham mais seriam de fato afetados pelas mudanças na CLT. Nessa faixa os salários são os mais altos, a informalidade é baixa e o desemprego é mínimo. Na faixa dos mais pobres o desemprego é enorme e a informalidade gigante. Aqui aparece uma contradição: a idéia da reforma trabalhista é diminuir o custo do trabalho e aumentar o lucro na contratação de novas pessoas. Mas se esse é o caso, por que não há uma explosão na contratação de informais que já tem um custo salarial baixíssimo? Ok que o grau de educação e qualificação é menor nessas faixas de renda, mas ainda assim será que não valeria a pena contratar essas pessoas “baratas” e investir nelas?
A grande questão a meu ver é que nosso volume total de empregos e vagas de trabalho é muito ruim pois as empresas brasileiras ficaram para trás e estão perdendo a corrida tecnológica, especialmente nossas indústrias. Então não tem muito como oferecer boas vagas de trabalho, com ou sem CLT. Para retomar os níveis de emprego de 2012 só uma aceleração econômica com recuperação da queda de 10% PIB poderá ajudar. Para melhor a qualidade de fato de nossos empregos só uma transformação estrutural que aumente a produtividade poderá resolver! (sofisticação produtiva+conquista de mercados mundiais). Hoje a demanda por trabalho no país é muito baixa: tanto para qualificados quanto para não qualificados.
Com o aumento exponencial dos serviços de aplicativos, a reforma trabalhista tende a aprofundar a desigualdade e a carência de mão de obra qualificada em serviços complexos, como TI, desenvolvedores, biotecnologias, etc. Só uma política educacional integrada a uma nova política industrial poderia inflectir a tendência. A hesitação entre uma política de diminuição do Estado e um protecionismo nacionalista não favorece nem uma coisa, nem outra.