*escrito com Felipe Augusto Machado
A produtividade varia muito a depender dos setores. Isso é provavelmente ainda mais acentuado quanto mais desagregado for o dado. Setores/produtos/atividades possuem capacidades distintas de gerar inovação e transbordamentos. Por exemplo: O produto industrializado mais exportado pela Suíça em 2017 foi medicamentos. O produto químico mais exportado pelo Brasil em 2017 foi óxido de alumínio, uma commodity. Medicamentos são muito mais encadeados e complexos do que óxido de alumínio. Medicamentos são intensivos em P&D (nota-se, inclusive, pela importância das patentes) e exigem conhecimento e know-how de várias outras áreas. O desenvolvimento de medicamentos gera muito mais inovações e transbordamentos do que a produção de óxido de alumínio.
A análise da história econômica dos poucos países relevantes que lograram sair da renda baixa para a alta mostra que estas constatações estiveram muito presentes no discurso, na elaboração e na implementação das suas políticas de desenvolvimento. Modelo de Paul Romer tem como pilar a ideia de que um setor é chave para o desenvolvimento: o setor que constrói capital humano e inovações que transbordam para o resto da economia (“uma externalidade”). Stiglitz também formalizou isso super bem com a ideia de Learning Sectors e Learning Societies. Por isso o desenvolvimento econômico é “setor específico”! Os indicadores de complexidade simplesmente capturam o que está formalizado por Paul Romer, Stiglitz, entre outros. No Brasil essa discussão está bem atrasada.


as manufaturas do mundo:
https://www.indexmundi.com/facts/indicators/NV.IND.MANF.CD/rankings