*escrito por Felipe Augusto e Daniel Costa Teixeira
É difícil superestimar o tamanho do compromisso do Governo Biden com a política industrial. Além do bastante falado CHIPS Act (US$ 280 bi), e do pacote de US$ 1 tri em infraestrutura, o governo tambem lançou o Inflation Reduction Act, talvez o mais completo deles. Serão US$ 374 bi para desenvolver tecnologias limpas e transformar a economia, com instrumentos tão diversos quanto estímulos à prototipagem, à oferta e à demanda, além do velho protecionismo. No caso dos protótipos, serão utilizados US$ 11 bi para criar hubs para produzir hidrogênio e remover carbono em larga escala, por meio de cooperação entre o setor privado e agências do governo, criando economias de escala em determinadas regiões. Na oferta, o Governo americano vai avalizar novas plantas industriais de hidrogênio e de todos os subcomponentes da cadeia de energia solar e subsidiar novas minas e refinarias de metais estratégicos e fábricas de baterias elétricas. Na demanda, serão isenções fiscais para fábricas que produzirem hidrogênio e/ou capturarem carbono (US$ 180/t). Mais US$ 4 mil ao comprador de carros elétricos usados e US$ 7,5 mil de novos. O Governo ainda vai pagar por cada subcomponente solar produzido nas fábricas. Na área do protecionismo, só terão direito aos benefícios aqueles que comprarem veículos cujas baterias tenham sido produzidas e que seus metais tenham sido minerados e processados nos EUA; é o fim da visão contrária à intervenção estatal na economia americana e o retorno do pragmatismo, que teria sido a marca do país até os anos 1970, mas que foi deixado de lado a partir de então.
Aprovado pelos 195 países membros da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), tem como seu principal objetivo fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas e de reforçar a capacidade dos países de lidar com os impactos dessas mudanças e buscar a redução de emissões de gases-estufa no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso é manter o aumento da temperatura média global em níveis menores que de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Para alcançar esse objetivo, os governos dos países participantes se envolveram na construção de seus próprios compromissos, seguindo o que cada um considera viável a partir do cenário social e econômico local. No que diz respeito ao financiamento climático, o Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos devam investir US$ 100 bilhões por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação, em países em desenvolvimento. A ideia de que uma economia pautada em uma matriz energética limpa não consegue se desenvolver foi rebatida durante a gestão do presidente Barack Obama. No período entre os anos de 2008 e 2015, as emissões de CO2 pelo setor de energia caíram 9,5% nos EUA, enquanto que a economia do país cresceu 10%. No mesmo período, diversas empresas americanas conseguiram aumentar seus lucros e gerar mais empregos, na medida em que reduziram suas emissões e gastos com energia através de fontes de energia limpa. Além disso, estima-se que um aumento de 4 graus Celsius na temperatura global pode levar a danos econômicos equivalentes a 1% a 5% do PIB global por ano até 2100, quantificados em US$ 340 bilhões a US$ 690 bilhões anualmente. Esses dados revelam que se as alterações climáticas forem ignoradas, os gastos futuros para resolução de suas consequências serão enormes. Em suma, ao serem implantadas de maneira certa, as fontes renováveis podem alcançar incremento na renda da população, impactando positivamente diversos setores da economia mundial.
Ref:
https://www.theatlantic.com/science/archive/2022/08/climate-law-manchin-industrial-policy/671183/