A volta dos juros altos no mundo

O banco central suíço tirou sua taxa básica de juros de territórios negativo e encerrou a era global de juros nominais abaixo de zero. Os EUA devem levar sua taxa básica para cima dos 4%. Na zona do euro e UK essas taxas passarão também dos 3%. A inflação mundial criada por estímulos de governos, desestruturação do comércio Durante covid e conflito Rússia Ucrânia trouxe de volta os juros nominais positivos e elevados para o padrão das últimas duas décadas de juro zero no mundo. Dois fenômenos ajudam a explicar a chamada estagnação secular dos anos pre-covid: excesso de dívida e excesso de oferta. A explosão do endividamento público e privado vem já desde os anos 1990, tendo os EUA como representante principal. O motor da renda foi substituído pelo motor do crédito nesse período. Nessas economias Quase Ninguém tem ativos, tudo e’ colateral de dividas das famílias. A sobreoferta mundial tem a ver com a ascensão da Ásia dinâmica do leste. Só a China hoje conta com mais de 100 milhões de trabalhadores produzindo bens manufaturados para o mundo. A consequência disso foi inflação baixa por muito tempo, que por sua vez provocou juros baixos no mundo todo.

Esse antigo modelo mudou. A rivalidade entre  EUA e China tem provocado migração da produção para território americano com custos mais elevados. Essa chamada “desglobalizacao” ajuda a explicar o surto inflacionário mundial. As interrupções nos fluxos de comércio global começaram graças ao covid mas agora tendem a perdurar devido a fatores mais estruturais. O conflito Rússia Ucrânia e a dependência da Europa de combustíveis importados acelerou esse processo. Países ricos buscam agora produzir em seus territórios mesmo que a custos maiores em busca de segurança; isso causa inflação. O grande endividamento público e privado, por outro lado, não vai embora tão cedo. A estagnação de salários criou economias viciadas em dívidas e bolhas na última década. O atual choque de juros mundial para combater a inflação será um duro golpe nesse modelo de crescimento dos últimos anos de EUA e Europa. Até por isso os juros não poderão subir tanto sob pena de criar uma grande crise global. Nos EUA o mercado imobiliário já da sinais alarmantes de queda de preços e vendas de casa. Os indicadores de atividade mostram uma economia próxima da recessão novamente. No euro a situação é ainda mais grave com risco real de racionamento energético. A confiança empresarial e dos consumidores afunda de forma impressionante no Reino Unido e no velho continente. Dificilmente a região escapara de uma recessão. No mundo emergente a situação também não é muito diferente. A China luta contra seus problemas do setor imobiliário e lockdowns de covid. A América Latina como um todo também cresce menos. O Brasil conseguiu superar o risco de recessão por ora e foi positivamente influenciado pela alta de preços de commodities. Mas o dólar forte que decorre do Choque de juros nos EUA desvaloriza moedas emergentes e dificulta a controle da inflação. O ano de 2022 ficará marcado como o momento de choque de juros generalizado em países ricos e pobres para controle da inflação. A consequência virá em 2023: a inflação vai cair mas também cairá a atividade econômica. O corte de estímulos pós covid colocará a economia mundial novamente em situação de estagnação.

 

Ideias chave

1) O banco central suíço tirou sua taxa básica de juros de territórios negativo e encerrou a era global de juros nominais abaixo de zero

2) Os EUA devem levar sua taxa básica para cima dos 4%. Na zona do euro e UK essas taxas passarão também dos 3%.

3) A inflação mundial criada por estímulos de governos, desestruturação do comércio Durante covid e conflito Rússia Ucrânia trouxe de volta os juros nominais positivos

4)A rivalidade entre  EUA e China tem provocado migração da produção para território americano com custos mais elevados. Essa chamada “desglobalizacao” também ajuda a explicar o surto inflacionário mundial.

5) O ano de 2022 ficará marcado como o momento de choque de juros generalizado em países ricos e pobres para controle da inflação.

6)em 2023 o corte de estímulos pós covid e as altas de juros colocarão a economia mundial novamente em situação de estagnação.

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