Abrir a economia e reduzir tarifas não provoca automaticamente a inserção externa eficiente e com produtividade de um país. Nos anos 80 a economia brasileira atingiu seu auge em termos de sofisticação produtiva. Éramos capazes de produzir muitas das coisas que existiam no mundo: carros, motos, motores, computadores, etc… tudo com extrema ineficiência e precariedade. Foi também a primeira década perdida da economia brasileira: hiperinflação, caos monetário e financeiro. Houve uma completa desorganização de nosso sistema de preços que atrapalhava o funcionamento do sistema produtivo. A crise foi principalmente fruto de nossa dívida externa após o choque do petróleo, choque de juros de Paul Volcker e mega desvalorizações cambiais. A reposta das autoridades brasileiras foi mais fechamento do país para economizar divisas externas. Tudo isso sabemos já.
O protecionismo gerou muita ineficiência e a reposta para o Brasil passou a ser: abertura econômica e controle da inflação. Adiantou? Um outro lado menos apreciado de nossa economia nessa época foi sua capacidade de aprender a produzir coisas, produtos que hoje não “sabemos” mais fazer. O Brasil avançou muito em termos de capacidades produtivas (sofisticação e complexidade). Na abertura e estabilização dos anos 90 jogamos o bebê fora junto com a água do banho! Hoje com novos bancos de dados, redes complexas e Big Data podemos enxergar isso claramente. O país controlou a inflação, reduziu as tarifas e se abriu para o exterior. Fez tudo isso a um custo altíssimo de sobrevalorização cambial e altíssimas taxas de juros; matou toda a complexidade, sofisticação produtiva e capacidades técnicas por aqui existentes. O que temos hoje? Inflação baixa e mais nada. Stiglitz mostra em seu livro “Creating a Learning Society” a importância das capacidades produtivas locais para gerar desenvolvimento econômico e prosperidade; algo que os economistas estruturalistas sempre souberam e defenderam!

Tese sobre o tema:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/286491/1/Fajnzylber_Pablo_M.pdf
A Marinha e o desenvolvimento da Informática no Brasil
A crise foi principalmente fruto de nossa dívida externa após o choque do petróleo, choque de juros de Paul Volcker e mega desvalorizações cambiais. A reposta das autoridades brasileiras foi mais fechamento do país para economizar divisas externas. O mecanismo funcionava assim: o dólar acompanhava a inflação, produzia-se para exportar, o governo emitia para comprar os dólares que ficavam para resgatar a divida. As mercadorias produzidas iam embora, os dólares não vinham, ficavam os cruzeiros que desvalorizavam diariamente. Depois a situação se inverteu. Com juros elevados chegavam muitos dólares especulativos, o real valorizava, os importados chegavam a preço inferior ao custo interno de produção. Era uma vez o avanço da industria que regrediu,