O IPCA-15 do mês de Junho registrou uma inflação de 0,04% em junho, ligeiramente acima da expectativa de 0,03%. Embora seja um pouco pior, o índice está alinhado e muito próximo ao valor esperado. Vale ressaltar que em maio o índice foi de 0,51%, indicando uma queda significativa. Parte relevante desse declínio está relacionada ao preço da gasolina, que registrou uma queda de 3,4% no período, contribuindo com uma redução de 0,17 no índice. Uma boa notícia dessa divulgação foi o índice de difusão, que caiu de 64% em maio para 50% nesta leitura de junho. O índice de difusão mede quantos itens tiveram aumento de preços em relação ao mês anterior. Essa redução é positiva, indicando uma direção favorável em termos de controle de preços. Em relação ao acumulado em 12 meses, o IPCA-15 apresentou um aumento de apenas 3,4%, sendo o menor valor desde 2020. Já são 13 meses consecutivos de queda quando avaliado nesse período. Esses dados são encorajadores e o IPCA cheio de Junho pode até mesmo trazer uma deflação.
A última ata do COPOM indica uma postura mais branda do que o comunicado da reunião de Junho. A ata mostra divergência entre os membros, sugerindo a possibilidade de um corte de possivelmente 0,25% na próxima reunião que ocorrerá em Agosto. Embora não mencionem explicitamente o valor de 0,25%, utilizam a palavra “parcimônia”, que geralmente indica cortes menores. Além disso, mencionam explicitamente a palavra “inflexão” na próxima reunião, o que não havia aparecido no comunicado anterior. Isso sugere possível redução da taxa de juros. No entanto, o COPOM destaca a preocupação com o mercado de trabalho e os riscos de uma flexibilização prematura e excessiva. Ou seja, cortar os juros antes e em uma magnitude muito elevada pode trazer problemas. Há um grupo que defende a manutenção da taxa de juros e outro que é a favor do corte na reunião de Agosto. Além disso, a ata também menciona avanços do novo arcabouço fiscal, ressaltando a redução dos riscos de descontrole fiscal, porém reconhecendo os desafios para atingir um resultado primário satisfatório. Não será fácil chegar próximo de um déficit primário zero no próximo ano.
Os juros longos continuam caindo com os contratos de janeiro de 2033 chegando a ser negociados abaixo de 11%. No relatório Focus o mercado já projeta inflação do IPCA neste ano próxima de 5%, lembrando que há um mês essa expectativa era de 6%. Também houve melhorias nas projeções de crescimento, com o Focus projetando um crescimento acima de 2% para este ano, enquanto há um mês a projeção estava um pouco abaixo disso. Quanto à taxa de câmbio, o Focus já começa a projetar um valor de R$5,00 para o final deste ano, mas é possível imaginar um valor abaixo disso, talvez em torno de R$4,50, se as condições de crescimento e convergência continuarem no Brasil e se a política monetária dos EUA não trouxer surpresas. Novos aumentos de taxas de juros por lá podem trazer um cenário mais desafiador para o Brasil. Para o próximo ano, o Focus já projeta uma inflação abaixo de 4%. O cenário que temos atualmente no Brasil abre espaço para uma maior valorização da bolsa brasileira que tem estado um pouco atrasada em relação a outras bolsas internacionais.
Keypoints:
1) O Banco Central deve reduzir a taxa SELIC em 0,25% na próxima reunião.
2)IPCA-15: O IPCA-15 de junho registrou uma inflação de 0,04%, ligeiramente acima da expectativa de 0,03%.
3)Difusão de Preços: O índice de difusão caiu de 64% em maio para 50% em junho. Esse índice mede quantos itens tiveram aumento de preços em relação ao mês anterior.
4) A ata da última reunião do COPOM indica uma postura mais branda em relação ao comunicado anterior.
5)O mercado projeta uma inflação do IPCA próxima de 5% para este ano, uma melhoria em relação à expectativa de 6% há um mês. As projeções de crescimento também melhoraram, com uma expectativa de crescimento acima de 2% para este ano.
6)o atual cenário no Brasil abre espaço para uma maior valorização da bolsa brasileira, que está um pouco atrasada em relação a outras bolsas internacionais.