
O gráfico acima mostra a relação entre renda per capita e preço do big Mac em dólares no mundo calculados pela revista The Economist (http://www.economist.com/content/big-mac-index) quanto mais rico o pais, maior o preço em dólares dos bens non tradables e, portanto, maior o preço do big Mac em dólares. Alguns países destoam para cima ou para baixo. Um país se destacou muito em janeiro de 2017 com um big Mac absurdamente caro para seu nível de renda per capita: Brasil! Quem explicou isso muito bem foram 4 economistas nos anos 60: Paul Samuelson, bela Balassa, William Baumol e Nicholas Kaldor. Samuelson e Balassa escreveram quase que simultaneamente o que ficou conhecido na literatura como efeito balassa Samuelson: os ganhos de produtividade de um economia ocorrem principalmente no setor de bens transacionáveis (manufaturas e commodities) e não no setor de bens nao tradables (serviços). Esses aumentos de produtividade no setor de tradables causam aumento de salários que transbordam para o setor de não tradables. Como não há aumento de produtividade no setor de não tradables os preços lá sobem mais do que no setor de tradables: o Big Mac (que e’ uma cesta de bens tradables e não tradables) fica mais caro em dólares nos países ricos.
Baumol fala a mesma coisa só que usa a divisão serviços e bens. Para Baumol, o aumento de produtividade ocorre principalmente no setor de bens. Os serviços não conseguem aumentar produtividade por definição: músicos, educação, garçons, cabeleireiros. São iguais em todos os lugares. O aumento de produtividade no setor de bens acaba pressionando também os salários dos setores de serviços; os preços e salários desse setor sobem, na ausência de aumentos de produtividade. A explosão de produtividade dos setores manufatureiros e de serviços sofisticados nos países ricos vaza para os salários de serviços não sofisticados. A produtividade da indústria vai parar no preço dos serviços. O brutal diferencial de produtividade entre países pobres e ricos pode ser encontrado nos preços dos bens não transacionáveis convertidos em dólar. Para N. Kaldor os ganhos de produtividade também ocorrem primordialmente no setor industrial. Em dinâmicas virtuosas de crescimento, os aumentos de produtividade na indústria se convertem em queda de preços de tradables dos produtos exportáveis, aumentando a competitividade do país “virtuoso”. Nessa dinâmica o preço interno dos tradables cai em relação aos preços dos não tradables. No fundo Kaldor, Baumol, Balassa e Samuelson falavam a mesma coisa! O desenvolvimento se da pela via do aumento de produtividade nos tradables, especialmente manufaturas. Esse processo resulta em aumento de preços relativos dos produtos não tradables em relação aos non tradables. No Brasil os preços de non-tradabels estão bem acima do que deveriam estar, dada nossa renda per capita!
*ótimo paper! https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3249853
Pq alerta cambio errado de novo? Serviços no Brasil está caro pro país, em relação ao dólar, necessariamente quer dizer que o real esteja pouco desvalorizado? Aumentar o dólar ainda mais não pode causar uma pequena inflação subindo mais ainda os preços aqui?
Há uma questão relevante em relação ao Big Mac . Lá no Japão, por exemplo, o Mac Donalds é uma “lanchonete” popular, isto é, acessível ao povão e aqui no Brasil é um lanchonete elitizada, não é acessível a todos…