BGI, a gigante chinesa de sequenciamento genético, avançou de forma rapida devido ao COVID

*escrito com Felipe Augutso

BGI, a gigante chinesa de sequenciamento genético, avançou de forma agressiva no mercado internacional devido ao COVID e está gerando preocupações em diversos países quanto à segurança nacional. Nos últimos 6 meses, a empresa vendeu 35 milhões de testes para o COVID e construiu 58 laboratórios em 18 países. Também doou equipamentos para sequenciamento genético, promovidos por Embaixadas chinesas no âmbito da chamada “Diplomacia do vírus”. Foi fundada em 1999 por 4 cientistas como órgão sem fins lucrativos para colocar a China no projeto global de mapeamento do genoma humano. Em 2010, recebeu empréstimo do governo de US$ 1,5 bi para comprar 128 equipamentos de sequenciamento genético da americana Illumina. Em 2012, o governo afirmou que queria desenvolver a tecnologia. Em 2013, a BGI comprou a principal rival da Illumina, a também americana a Complete. Em 2015, a BGI lançou seu próprio equipamento. Em 2020, a Illumina entrou com processo por violação de propriedade intelectual. A BGI tem ligações próximas com o governo. Opera a base nacional de dados genéticos da China e conduz pesquisas em laboratórios estatais, que ficam na sua sede. Entre seus objetivos explícitos está “ajudar o Partido a atingir o topo da competição biotecnológica internacional”. A BGI tem solicitado que pesquisadores enviem dados genéticos do vírus gerados por seus equipamentos, além de amostras de pacientes. “Continuaremos a recrutar dados na China e no mundo para entender a relação entre o histórico genético dos pacientes e seus resultados clínicos”. Para os EUA, o conhecimento sobre a genética de tomadores de decisão e a propensão a atuarem de determinadas formas pode ser usado por adversários como mecanismo de influência. Particularmente, a diversidade genética nos EUA seria muito valiosa. O sequenciamento genético também é estratégico para a chamada “medicina de precisão”, com alto potencial de mercado. Ao invés de um único remédio, ela foca em como os genes de diferentes pessoas interagem com o ambiente para prever o risco de doença ou a resposta a medicamentos. Em junho, por conta do processo da Illumina, a BGI foi proibida de vender seus produtos nos EUA. Ainda, o governo dos EUA restringiu transações com duas subsidiárias da BGI alegando violação de direitos humanos em análises genéticas de Uigures em Xinjiang. Autoridades americanas alertam para o duplo risco para a segurança nacional: (i) informações genéticas sensíveis sobre cidadãos dos EUA podem cair em mãos estrangeiras, e (ii) empresas americanas podem perder sua vantagem tecnológica na genética para empresas chinesas.

 

fontes:

https://www.reuters.com/article/us-health-coronavirus-bgi-specialreport/special-report-covid-opens-new-doors-for-chinas-gene-giant-idUSKCN2511CE

https://www.nap.edu/catalog/25525/safeguarding-the-bioeconomy

https://www.commerce.gov/news/press-releases/2020/07/commerce-department-adds-eleven-chinese-entities-implicated-human

 

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