Consolidando a tendência de queda, os rendimentos dos títulos de dez anos nos EUA permanecem em torno de 4,50%, mais especificamente 4,57%. Até o início da semana passada, esses títulos estavam em 5%. Vale destacar que os títulos do Tesouro dos EUA são uma referência importante para a precificação de diversos ativos, incluindo ações, câmbio e juros, tanto nos EUA quanto em todo o mundo. Essa forte queda nos rendimentos dos títulos de dez anos tem impactado positivamente o mercado financeiro brasileiro. A Bovespa registrou uma alta notável, atingindo 119 mil pontos, enquanto as taxas de juros de longo prazo caíram de 12% para 11,50%, com vencimentos em janeiro de 2031 e janeiro de 2033. Além disso, o real se valorizou, com o dólar caindo para R$4,87. Esse movimento pode ser explicado por diversos eventos recentes. Primeiramente, o discurso do presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, na semana passada, durante a reunião do FED, trouxe cautela e preocupações, sugerindo que o ciclo de aumento de juros nos EUA pode estar chegando ao fim. Outro evento importante foi a divulgação do relatório de emprego (Payroll) na sexta-feira passada, que mostrou a criação de apenas 150 mil vagas nos Estados Unidos, bem abaixo das expectativas de 180 mil e muito menos do que as 300 mil vagas criadas em setembro. Esse desempenho mais fraco do mercado de trabalho americano contribuiu para a queda dos rendimentos dos títulos de dez anos e levou o mercado a apostar em cortes de juros nos EUA a partir de maio ou junho do próximo ano. Além disso, a queda nos preços do petróleo, que agora está em torno de US$80, com uma queda de 4% ontem, sugere uma perspectiva de inflação mais branda, apesar dos conflitos no Oriente Médio. Dados ruins de PMI na Europa também têm afetado as bolsas na região. Toda essa dinâmica de uma atividade econômica mais fraca e um possível fim de ciclo nos EUA tem contribuído para a queda nos rendimentos dos títulos de dez anos, resultando em um rali de ativos emergentes, incluindo a Bovespa, o real e outros ativos de mercados emergentes. No entanto, vale ressaltar que a questão fiscal continua sendo uma preocupação no Brasil, assim como a discussão sobre a meta fiscal para o próximo ano. A ata do Comitê de Política Monetária (COPOM) também indicou pelo menos mais dois cortes de 0,50 pontos percentuais na taxa Selic, que deve encerrar o ano em 11,75% e cair para 11,25% em janeiro. A impressão é que o COPOM pode desacelerar o ritmo de corte após a reunião de janeiro. A votação do projeto de reforma tributária no Senado é um evento importante a ser acompanhado pelo mercado hoje; também o discurso de Jerome Powell será observado de perto, já que será a primeira intervenção pública após os eventos recentes, como o Payroll e a queda nos rendimentos dos títulos de dez anos. Esse cenário mais favorável pode trazer um final de ano mais promissor para o mercado financeiro.
