Ontem a bolsa brasileira registrou uma alta de 1,2%, atingindo a marca de 124 mil pontos, o valor mais alto desde julho de 2021. Diante do movimento global de alta nos mercados de ações, é possível antever que o Ibovespa pode alcançar um novo recorde nas próximas semanas. O último pico da bolsa ocorreu no término do ciclo de redução de juros: depois a Selic subiu de 2% para 13,75% e os Fed funds aumentaram de 0% para 5,5%, resultando em uma queda no mercado acionário. Com a atual indicação de um ciclo oposto, marcando o fim da política monetária restritiva no Brasil e nos EUA, observa-se um cenário mais favorável. Os recentes indicadores de atividade econômica nos EUA, como o payroll, a produção industrial e as vendas no varejo, corroboram a tese de que o término do ciclo de restrição monetária está próximo. As quedas mais acentuadas do que o esperado nos índices de inflação ao produtor e ao consumidor também sinalizam ao FED a possível formação de um “Soft landing”. Este movimento começa a ganhar força também na Europa, com dados de inflação e vendas no varejo indicando retração. Nesse contexto, os rendimentos das T-notes de dez anos atingiram o mínimo desde setembro, em 4,4%, enquanto o preço do petróleo mostra fraqueza diante da perspectiva de atividade econômica mais fraca, contribuindo para o arrefecimento da inflação.
Com essa conjuntura, a discussão no mercado gira em torno de quando o FED irá reduzir os juros, seja no final do primeiro semestre ou até mesmo antes. Hoje, no Brasil, o Banco Central divulgou o índice de atividade econômica IBC-Br, uma proxy do PIB pela ótica da oferta, registrando uma queda de 0,06% em setembro, em contraste com a expectativa de alta de 0,2%. Esse dado, somado à desaceleração no setor de serviços, sugere uma possível queda no PIB do terceiro trimestre. No âmbito fiscal, a discussão sobre a manutenção da meta em 0% para o próximo ano influencia os movimentos dos DIs, com a estrutura a termo dos juros situando-se abaixo de 11%. O IGP-10, divulgado pela FGV, apresentou um aumento de 0,52%, em conformidade com os dados de outubro. A conjuntura formada pelos dados divulgados contribui para a continuidade do rali nas bolsas neste final de ano.