BOVESPA registra 12 quedas consecutivas

O índice IBOVESPA registrou doze quedas consecutivas, com mais uma queda de 0,5% ocorrida ontem. Essa sequência é a mais longa desde o ano de 1970, estabelecendo um novo recorde. No entanto, é importante observar que essas quedas têm sido relativamente pequenas, situando-se em torno de 0,50% por dia. Estamos longe das quedas mais acentuadas que caracterizaram grandes crises anteriores que chegavam a acumular perdas de vinte a vinte e cinco por cento. O dólar, após três dias de alta, manteve-se estável em R$4,98. Esse movimento recente levou a uma valorização de 5% ao longo do mês. As taxas de juros de prazo mais longo atingiram 11%, refletindo um cenário de aversão ao risco e um movimento de venda dos ativos do “Kit Brasil” (real, bolsa e juros). Esse movimento é caracterizado pela queda da bolsa, desvalorização da moeda brasileira e aumento das taxas de juros de longo prazo. Parte desse cenário é influenciada pelo atraso na votação das medidas fiscais em discussão no congresso. No entanto, é importante ressaltar que parte significativa da explicação reside no contexto internacional. Moedas emergentes têm enfrentado desvalorizações em relação ao dólar, não apenas o real brasileiro. O peso chileno, por exemplo, caiu mais de 5% nos últimos trinta dias, e outras moedas como o rand sul-africano, o won coreano e peso filipino também estão se desvalorizando. O fortalecimento do dólar reflete uma demanda global pela moeda americana, influenciada por indicadores econômicos robustos dos Estados Unidos. A produção industrial nos EUA registrou um aumento de 1% em julho, superando as expectativas. Além disso, o setor varejista também apresentou um crescimento significativo de 0,7%. Há especulações sobre um possível crescimento de 5% no PIB americano no terceiro trimestre, embora isso ainda esteja sujeito a incertezas. As políticas de redução do balanço do Federal Reserve (FED) também têm impacto sobre as taxas de juros de longo prazo. O FED, ao retirar-se do mercado de títulos de longo prazo, provoca uma pressão que eleva as taxas de juros. O déficit primário dos Estados Unidos, projetado para ultrapassar dois trilhões de dólares este ano, também contribui para esse cenário de pressão sobre as taxas. A ata recente do Federal Open Market Committee (FOMC) trouxe uma postura mais rígida por parte dos diretores do FED, sem afirmar explicitamente o término do ciclo de elevação das taxas de juros. Isso adiciona uma dose de incerteza ao mercado, que está dividido quanto à possibilidade de uma alta nas taxas na próxima reunião em setembro. Os juros de 10 anos nos EUA foram a máxima desde 2008 tocando os 4,30%. As bolsas sofrem uma correção de 5% por lá e os juros de hipotecas e de 30 anos também estão em máximas de uma década. A situação dos ativos brasileiros é impactada por esses fatores internacionais, resultando na queda da bolsa, desvalorização do real e aumento das taxas de juros de longo prazo. A China também continua a ser uma preocupação, com sinais de desaceleração econômica e notícias negativas no setor imobiliário. Em relação à economia brasileira, o Índice Geral de Preços (IGP) registrou mais uma deflação de 0,13%, abaixo das expectativas. No entanto, é notável que há uma leve virada nos preços de commodities em reais, como a soja, que subiu quase seis por cento na última medição do IGP. Essa valorização está relacionada à desvalorização do real em relação ao dólar. No cenário mais amplo, a tendência é que a moeda brasileira se valorize no médio prazo à medida que as tensões internacionais se acalmem. No entanto, a situação atual é caracterizada por volatilidade e aversão ao risco, influenciando os mercados e os ativos emergentes, incluindo o Brasil.

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