*escrito com Fausto Oliveria
Perdemos mais uma. Agora é a Atmos Sistemas, empresa nacional produtora de radares e outros instrumentos aeronáuticos, que bate asas do Brasil. Agora é parte da sueca SAAB.
A Atmos Sistemas tem o status de Empresa Estratégica de Defesa (EED), certificada pelo Ministério da Defesa, pois já colaborou em diversos projetos com a Marinha, a Força Aérea, com a Base de Alcântara, CEMADEN e muito mais.
Um dos projetos mais promissores em que a Atmos trabalhou é o Sirius, junto ao LNLS. O Sirius é uma fonte de luz síncroton, que pode desvendar a estrutura molecular e eletrônica de diferentes materiais, possibilitando avançados desenvolvimentos tecnológicos no país.
Tem também estreitos laços com o Estado em convênios para além da Defesa. Finep, Fapesp e o LNLS são alguns dos entes públicos que contribuíram para seu sucesso. Como mostra o link abaixo.
Não obstante tudo isso, por um valor não revelado, a empresa se vendeu para a sueca SAAB. Só que desde janeiro de 2018 a Atmos já tinha convênio de fornecimento de tecnologias para a linha de caças Gripen NG.
Ou seja, a SAAB vai fornecer os caças à FAB com transferência de tecnologia, mas… COMEÇOU A COMPRAR AQUI A TECNOLOGIA QUE PROMETE TRANSFERIR! radares e sensores são uma pequena parte de um caça. Mas é isso que está acontecendo.
E isso depois de a empresa, que nasceu em 2004, ter recebido do Estado brasileiro inúmeros estímulos. O próprio projeto Gripen é viabilizado pela FAB… A perda de capacidade tecnológica é o atestado de permanência no subdesenvolvimento.

Cara, adoro suas postagens! Muito mesmo, me vera com frequência… Na minha opinião o Brasil erra ao não proteger a Embraer bem como a negligência do nosso estado para com o desenvolvimento de tecnologia brasileira que, nesse caso está sendo repassada a Suécia , a proteção e a falta de políticas estratégicas para o desenvolvimento e inovação nos manterá sempre como um país de segunda classe, emergente…
Paulo, obrigado antes de tudo, por seus textos. Olha, eu tenho construido uma convicção de que o Brasil tem esse destino mesmo, ser retaguarda de outros, havendo aí dois desafios praticos: como a gente evitaria que nossos impostos fossem usados pra desenvolver a Suécia, os EUA, China etc, em nosso detrimento? Como reduzir essa transferencia de renda nossa a um Estado colonialesco como o brasileiro e investir isso numa coisa ainda mais visionária que seria um Estado paralelo, privado, dentro do Brasil…? Temos o Estado paralelo das milicias, como ter um, dedicado a construir uma realidade privada a mais proxima da nação que idealizamos como decente?
A embraer desenvolve oque, trens de pouso??? Eles são apenas uma montadora de peças estrangeiras.
é outra empresa que faz isso
Para a forma de compreensão política econômica que acredita na organização por vontade do empresariado nacional, a burguesia local, juntamente com o governo periférico, o nacional, livre da estratégia Imperialista, como se isso fosse possível, pela vontade dos nacionais, realmente, fica esquisita a atitude entreguista. Mas um movimento muito normal se visto pela ótica marxista trotskista. Imperialismo é isso, tem essa dinâmica para inviabilizar o deslanchar das nações periféricas. Ele garimpa riscos estratégicos e os anula. Só de lembrar que íamos fazer chip de computador, lançar satélites, produzir plataformas de petróleo, fazer das fazendas fonte de valor agregado e limitar puros commodities, trabalhar toda a coluna do petróleo, seus derivados e demais insumos produzidos, trabalhar com etanol celulósico, só para ser rápido e citar por cima alguns desejos, só de lembrar essa fantasia de libertação das garras do Imperialismo eu fico com cara de “an passant”, isso mesmo, melhor usar uma frase francesa para entrar melhor no clima. Alright man… (esquecer dos gringos seria um erro e tanto, são os principais designers disso). Mas sigamos com os desenvolvimentistas, é um ótimo caminho para a consciência de uma nova agenda de cunho inevitavelmente político.
Cabe perguntar, e o art. 5º da Constituição Federal?
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
E ainda o seguinte inciso:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
O Brasil deveria fazer como o governo russo que criou empresas estatais para a defesa, dessa forma não tem como o setor privado se apropriar do conhecimento desenvolvido no país, usar de incentivos fiscais e depois simplesmente vender a empresa e lucrar com isso, deixando o país vulnerável. Ou então como nos Estados Unidos que simplesmente controla as empresas privadas, duvido que a Lockheed ou Boeing seriam vendidas para empresas estrangeiras. Mas aqui com esse governo Bolsonaro não há interesse nacional, o objetivo deles é destruir o Estado, a economia e a sociedade brasileira. Os militares se fossem de fato patriota impediriam a venda de uma empresa dessas, mas estão mais preocupados em consumir picanha do que em defender o Brasil.
E não esqueçam de convidar o professor Ladislau Dowbor, para falar do livro “A Era do Capital Improdutivo”, no Conexão Xangai.