*Escrito com Felipe Augusto Machado
A Ásia de sucesso (do leste) conseguiu criar e desenvolver indústrias que são hoje campeãs internacionais. Está aí o segredo de Coreia, Japão e China. Empresas complexas e inovadoras que foram aos poucos conquistando os mercados mundiais. O tecido produtivo desses países foi se sofisticando e o avanço tecnológico ocorreu nas atividades chave. Desenvolver capacidades produtivas e tecnológicas para conquistar o mundo não é difícil.
A Hyundai, por exemplo, lançou o 1º carro “coreano” em 1974, ainda com motor japonês e design italiano. Partes de plástico trincavam, maçanetas se rompiam, freios falhavam e a pintura enfraquecia em semanas. Apenas em 1991 um motor nativo foi desenvolvido e, mesmo assim, conforme suas próprias estimativas, sua produtividade não atingia metade dos da Honda e da Toyota. A reputação da marca foi péssima por anos, mas hoje a Hyundai é a terceira maior produtora de carros no mundo. Foram anos de prejuízo, sustentados por generosos subsídios do Estado, protecionismo e controles de capital, pelas demais empresas do grupo (como o segmento de construção naval) e pelas restrições à entrada de concorrentes (apenas Hyundai e Daewoo podiam vender carros leves).
Diante do limitado mercado coreano, regulações restringiam o número de modelos que podiam ser fabricados, buscando gerar economias de escala. A partir de 1985 a Guerra Comercial EUA-Japão facilitou o acesso coreano ao mercado norte-americano e mudou a empresa de patamar. A Hyundai também tinha um grande programa de integração tecnológica com os Japoneses. A Samsung tentou fabricou carros leves, mas sem muita relevância e a Ásia Motors também; concorrência interna e as metas de melhoria dos produtos foi algo exigido pela Ditadura coreana, os primeiros motores foram desenvolvidos por empresas menores compradas pelo grupo Hyundai.
Demorou e foi custoso, mas o Estado e a empresa seguiram comprometidos com uma estratégia nacional de desenvolvimento baseada em aprendizado produtivo e tecnológico. É preciso visão, ambição, pragmatismo, paciência e sorte, mas não parece ter caminho fácil para atingir alta renda. Algo parecido aconteceu com a indústria automotiva na Índia. Recentemente a Tata Motors comprou a Jaguar Land Rover.
Referências:
KIM, Byung-Kook; VOGEL, Ezra (ed.). The Park Chung Hee Era: the transformation of South Korea. Harvard University Press, 2011
LEE, Nae-Young. The automobile industry, (2011)
NOBLE, Gregory. Industrial Policy in Key Development Sectors: South Korea versus Japan and Taiwan (2011)
J. STUDWELL, How Asia Works, (2013).
Ainda NOBLE (2011):
divisões da área de P&D da Hyundai Heavy Industries.
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