Breve história macro da era Lula e Dilma, por Nelson Barbosa

*escrito por Nelson Barbosa

O “V” do Covid começou no 1o tri de 2020, pois a pandemia bateu em março. A recuperação (quique estatístico) do 3o tri foi insuficiente para repor a perda, como aconteceu em outros países.

Apesar da retórica do governo, a economia brasileira já havia parado antes da Covid, na estagnação de “Temeraro” (dado que a política econômica foi basicamente a mesma em 2018-19).

O golpe de 2016 interrompeu a recuperação da economia. Houve crescimento no 2o tri de 2016, seguido de queda nos trimestres seguintes. Será que foi efeito positivo do golpe sobre expectativas? Mas se foi isso, como explicar a queda após a saída de Dilma? Vai ter debate…

A economia brasileira parou de crescer no 2o tri de 2013 O fim de bonança normalmente gera protesto da população (passeatas de 2013). Mas o mesmo não acontece após anos estagnação, pois crise anestesia e/ou as expectativas (cobrança) são sempre menores com a direita.

5/ Antes da estagnação de 2013-14, houve interrupção do crescimento em 2011, primeiro ano de Dilma, quando o governo elevou juro, aumentou compulsório e subiu primário devido ao superaquecimento econômico de 2010. A dose foi muito forte, mas isto é fácil de falar a posteriori.

6/ O choque externo de 2009 foi realmente “marolinha”. Já o choque de 2015-16 foi “pororoca”. Além disso, em 2015-16 também teve o impacto econômico da Lava-jato, pauta-bomba, efeitos dos erros de política econômica de 2012-14 e ajuste muito forte em 2015.

7/ Houve duas interupções de crescimento durante o período “Malloci”. Uma em 2003, quando foi necessário estabilizar a economia pós crise cambial de FHC. Outra em 2005, mais breve, na disputa Bevilacqua-Levy, com o BC subindo SELIC e o TN aumentando primário.

8/ Já a combinação do “apagão tucano” (crise hídrica e energética) com os efeitos cambiais da crise argentina na frágil posição externa da economia brarsileira gerou estagnação de aproximadamente 18 meses em 2000-01.

9/ Porém, sob uma perspectiva de longo prazo, houve um “milagrinho” do crescimento entre o último ano de FHC e primeiros anos de Dilma. Depois entramos em uma nova década perdida, da qual ainda não está claro como sairemos.

1 thought on “Breve história macro da era Lula e Dilma, por Nelson Barbosa”

  1. Desestabilização Macroeconômica do Governo Dilma.
    Com a inversão do ciclo dos negócios, o país passou a sofrer o garrote das finanças públicas deficitárias, e, agravadas pela pressão insuportável das oscilações cambiais produzidas pelo ajuste externo americano. Haviam problemas sérios para os quais não tínhamos respostas fáceis: a doença holandesa é fácil de diagnosticar, mas dificílima de se evitar ou mitigar. A pressão de demanda que poderia causar inflação estava sendo segurada pelo cambio, as PPP´s federais não deslanchavam por conta do voluntarismo ideológico, e mesmo onde, como na Bahia, elas foram utilizadas, já estávamos numa fase avançada da cooptação pelo máquina sedutora das empreiteiras.
    Mas a principal ameaça não seria endógena. Primeiro, a crise de 2009, mas diante da hecatombe americana que evaporou 10 trilhões de dólares, conseguimos lidar razoavelmente com o transbordamento dos impactos comerciais e financeiros, usando o espaço fiscal para sustentar a demanda agregada no Brasil através de políticas Keynesianas.
    A ação do governo foi bem sucedida, mas o perigo viria da rápida expansão do sistema público bancário, quando o BNDES, BB e CEF tomaria 30% do mercado do nosso principal aliado tácito – FEBRABAN.
    Não contávamos com as ondas de impactos de segunda e terceira geração oriundos da recessão global. Pensávamos que poderíamos fazer uma aliança entre os BRICS para passar ao largo da hecatombe da OECD, construir novas instituições multilaterais que escapasse do domínio dos EUA e EURO. Sem afrontá-los, criaríamos os novos mecanismos de financiamento internacionais para projetos de infraestrutura com consequências que transbordam o alcance das fronteiras nacionais.
    Em 2011 os motores da redução do desemprego, e urbanização acelerada nas cidades interioranas que propulsionavam o crescimento sustentável, começa a perder força.
    Acontece também lá na China, que começa a redirecionar seu modelo de “Export-led growth” para o crescimento para atendimento do consumo doméstico. Os mercados das commodities começa a cair consecutivamente pelos próximos cincos anos. Em seguida viria a queda vertical do petróleo.
    O governo demorou de perceber estes limites, e insistiu nas medidas casuísticas para apagar os incêndios setoriais da indústria.

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