Centro de Biotecnologia da Amazônia e os desafios para agregar valor a floresta

Ligado à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o Centro de Biotecnologia da Amazônia CBA encabeçado pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (Fuea) tem a função de repensar a estrutura produtiva da Amazônia. A Fuea é formada por um consórcio entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP), e a Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Fipt). O centro será composto por três setores: prospecção; laboratório aberto para universidades e instituições de pesquisas científica e tecnológica e desenvolvedores de produtos; e escritório de projetos. O CBA vai se posicionar ao fim da cadeia de inovação, ao lado do setor produtivo, para não concorrer com outros órgãos, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e as universidades. Essas instituições vão atuar na coleta dos insumos para testes, por exemplo. Após a execução de um protótipo, o CBA vai incubar esta pesquisa, transformá-la em produto e transferir tecnologia para o setor privado. Gerar demanda no interior do Amazonas, por meio do aproveitamento sustentável da biodiversidade, é uma das metas desta nova fase do CBA. O diagnóstico para traçar este planejamento mostra que os efeitos diretos do modelo de desenvolvimento amazônico criado no fim da década de 1960, com a implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM), ficaram restritos à capital, que concentra 87% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Dentre os segmentos apontados como promissores, estão psicultura e indústria pesqueira; madeira e concessões florestais; ecoturismo; turismo de negócios; indústria farmacêutica; fármacos e fitoterápicos; cosméticos; óleos essenciais; indústria alimentar (bebidas); óleos vegetais; proteína vegetal; digitalização; e extração mineral. A riqueza da biodiversidade, nossa vantagem comparativa, pode nos colocar numa fronteira tecnológica (vantagem competitiva), desde que elejamos a bioeconomia de alta intensidade tecnológica e valor agregado (biotecnologia) como o vetor econômico para o qual devemos direcionar e priorizar a alocação ótima dos fatores de produção. Agregar valor à produção local é desafio da região. Por exemplo o açaí, fruto nativo da Amazônia que tem o Pará e o Amazonas como principais produtores nacionais: um saco com 80 quilos da fruta (in natura) é exportado por R$ 250. Na Europa, o mesmo saco dá origem a 8 quilos de açaí liofilizado com valor de R$ 872. Na indústria de química fina do exterior, os mesmos 8 quilos são transformados em um pacote com 160 extratos de açaí liofilizado por R$ 4.008, dezesseis vezes mais do que valor do saco exportado.

Instalado em um complexo com área construída de 12 mil metros quadrados e estruturado principalmente a partir de investimentos feitos pela Suframa, o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) tem por objetivo criar alternativas econômicas mediante a inovação tecnológica para o melhor aproveitamento econômico e social da biodiversidade amazônica de forma sustentável. O CBA está dividido em mais de trinta unidades componentes, dentre as quais laboratórios, unidades de apoio tecnológico, unidades de apoio técnico e áreas administrativas, todas dotadas de modernas instalações. O quadro técnico-administrativo do órgão é formado por uma quantidade significativa de colaboradores qualificados, incluindo dezenas de profissionais com mestrado, doutorado ou pós-doutorado.
Atualmente, o CBA oferece para o mercado um conjunto de serviços de análises físico-químicas e análises microbiológicas, além de outros serviços técnicos especializados, como ensaios de eficácia e segurança toxicológica.

https://www.gov.br/suframa/pt-br/zfm/cba

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