Como o governo da China impôs a Transferência de tecnologia das multinacionais para empresas domésticas

*escrito por Felipe Augusto

na China, políticas que condicionaram o investimento estrangeiro à transferência de tecnologia cresceram 6 vezes entre 2002 e 2012. O divisor de águas ocorreu em 2006, exatamente quando as políticas industriais passaram a ser mais intensamente utilizadas. Reformas burocráticas centralizaram a autoridade e aumentaram a capacidade do Estado chinês de intervir na política econômica. Necessidade de joint-ventures com empresas locais, restrições à propriedade estrangeira, exigências de conteúdo local e compras governamentais com margens de preferência foram algumas das políticas adotadas. As políticas tinham foco: 85% delas ocorreram em setores considerados prioritários. E provavelmente o mais interessante: a capacidade do Estado chinês de conseguir contrapartidas do capital estrangeiro dependeu da posição chinesa na cadeia global de valor.

Multinacionais que utilizavam o mercado interno chinês como consumidor do bem final tinham menor poder de barganha diante do Estado chinês (ex: automóveis, aviões e geração de energia), e foram alvo mais intenso dessas políticas. Multinacionais que apenas montavam produtos na China para exportação tinham maior poder de barganha e ficaram menos suscetíveis a elas. Nesse caso, a China dependia das multinacionais para geração de empregos e para acessar o mercado externo. Na medida em que a dependência de insumos importados para exportação se aproximava de 100%, o número de políticas de transferência de tecnologia esperado caía muito.

Um exemplo notável é o setor de veículos elétricos na China. O governo estabeleceu cotas de veículos elétricos para fabricantes estrangeiros que desejam operar no mercado chinês. Essas cotas exigem que as montadoras estrangeiras produzam uma determinada porcentagem de veículos elétricos ou híbridos plug-in para obter licenças de produção. Isso tem incentivado as empresas estrangeiras a transferir tecnologia e conhecimento sobre veículos elétricos para suas joint ventures com empresas chinesas, permitindo que as empresas locais desenvolvam sua própria expertise nessa área.Em alguns casos, houve relatos de pressão e exigências do governo chinês sobre empresas estrangeiras para transferir tecnologia como condição para obter acesso ao mercado chinês. Isso levou a críticas de governos estrangeiros e organizações comerciais, que alegam que essas políticas violam os princípios de comércio justo e propriedade intelectual.

https://sccei.fsi.stanford.edu/china-briefs/assessing-strengths-and-limitations-chinas-technology-transfer-policies

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