Coreia do Sul x Brasil: educação ou complexidade?

Por que o aumento de anos de estudo no Brasil não se converteu em aumento de produtividade como na Coreia do Sul? A resposta é  simples: a complexidade produtiva afundou no Brasil e disparou na Coreia do Sul. A grande diferença da Coreia foi focar no mercado mundial e promover exportações, além de nutrir capacidade tecnológica própria, de capital nacional. Manteve internamente os centros de inovação, um sistema nacional de inovação. Politica industrial com metas e SIM e cambio lá ficou sempre mais competitivo do que aqui. Não há doença holandesa lá e poucos recursos naturais. A educação só foi relevante pois se integrou num sistema produtivo que avançou muito no mundo (Samsung, Hyundai, por exemplo). Os mapas abaixo mostram a evolução da estrutura de empregos e composição das exportações nos dois países.

gravei uma aula sobre o tema:

ótima tese de Doutorado sobre o assunto

koreia_brazil

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coreia

Korea_1970 korea_2012

Brazil_1975 Brazil_2012

emp_brasil

korea_emp

Os dois gráficos acima mostram a evolução da estrutura de empregos no Brasil e Coreia do Sul a partir da base WIOD (http://www.wiod.org/home)

chave

ver Sobre as diferenças entre Ásia e América LatinaPara entender o processo de desenvolvimento econômicoArmadilha da renda media no Brasil e Sobre o papel da educação no Desenvolvimento econômico

Desenvolvimento econômico é acúmulo de capital humano, acúmulo de conhecimento de uma sociedade que se traduz na capacidade de produzir bens e serviços complexos que geram poder de monopólio e “lucros excedentes”. Pra isso não basta apenas investir em educação! Precisa indústria! O setor industrial converte o acúmulo de conhecimento em produtos e serviços que geram o poder de monopólio.

10 thoughts on “Coreia do Sul x Brasil: educação ou complexidade?”

    1. Na minha opinião a complexidade causa educação. O empresarial vem antes do educacional. O lucro é o motor do desenvolvimento, o saber é consequência. As empresas inovam e aumentam produtividade para ganhar dinheiro.

  1. Gala, porque voce acredita que a austrália mesmo não aumentando sua complexidade ainda assim tem altos níveis de produtividade?

    1. Australia conseguiu construir um setor de serviços sofisticados que emprega 10% da população e mantém Ainda 10% da população na indústria

  2. Paulo, não seria interessante fazer um cruzamento com informações de política cambial nesse mesmo período? Não me parece coincidência que a complexidade da nossa matriz produtiva comece a declinar pós Collor (abertura tarifária) FHC (Apreciação Cambial).
    Também gostaria que comentasse a pressão comercial apreciativa exercida pela Mercosul.
    Bom, por fim… gostaria de ver mais dados da Coréia sobre essas questões (política cambial e comercial)

  3. Atualmente sou Professor Politécnico (no Brasil Ensino Profissional e Tecnológico). Modo de produção de saber que é uma perspectiva, o modelo, ou paradigma (e todo a sua polissemia) distinta da Educação Acadêmica.
    A postagem é mais uma que busca compreender a relação entre a Educação e Crescimento Econômico.
    A tese de Hidalgo argumenta que a educação produtiva relevante do país é um conhecimento tácito que está nas empresas e nas atividades e, portanto, não se aprende na escola. É uma questão de “on the job experience” embutida nas redes de produção e empresas existentes nos países.
    Seria verdade? Como falsificar?
    Conjecturo que a perspectiva que se refere como “educação produtiva” esteja fundado no modelo acadêmico e não no politécnico (ou techinical e vocational education como se refere a UNEVOC UNESCO).
    Os países com economia complexa possuem robustos e integrados sistemas de educação politécnica. Robustos devido a densidade de Inovação na prática educativa (o objeto a ser estudado é o Trabalho). Integrado devido a permeabilidade entre escola e arranjos produtivos (o Trabalho é o fazer educativo). Isto pode ser evidenciado tanto empiricamente numa análise sincrônica como diacrônica (que os estruturalistas não deveriam deixar de lado). Desconfio existir uma relação de equivalência, uma proximidade entre educação politécnica e complexidade econômica. Fica difícil estabelecer causalidade o que me parece se caracterizar como um problema “Tostines”
    Na Economia Estruturalista da Complexidade existem estudos sobre isto?
    Na Educação Politécnica existem estudos sobre o impacto na economia, mas desconheço algo tendo como foro a Economia Estruturalista da Complexidade.
    Realizarei um de seus cursos (qual o melhor para aprofundar a questão da Economia Estruturalista da Complexidade?)
    Seu blog e canal de mídia são supimpas.

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