*escrito com Felipe Augusto
Antes do vírus, Taiwan tinha apenas 2 pequenas produtoras de máquinas para máscaras. Uma delas, familiar, ficava em um barraco onde cabiam 10 pessoas. Não tinha processo produtivo padronizado e só o dono detinha o know-how. Mas o setor de máquinas-ferramentas taiwanês é diferenciado. A pequena ilha é a 7ª maior produtora e a 5ª maior exportadora mundial. Suas mais de 2 mil empresas produzem componentes para tanques militares, plataformas de petróleo, Airbus, Boeing, Tesla e Apple, entre outros. Empresas cederam seus melhores engenheiros (cerca de 200), que levaram caixas de ferramentas, ventiladores, bancadas e outros equipamentos para montar as máquinas. Envolvidos viam a tarefa como sendo um esforço patriótico, formando “uma seleção nacional”.
“Nenhum de nós havia fabricado ou visto máquinas para máscaras antes. Fabricamos máquinas ou componentes de ponta que vão para automóveis, aviões ou smartphones. Mas pensamos: Elas ainda são máquinas e deve haver algo em que possamos ajudar”. Arranjaram um local onde não havia sinal de celular nem eletricidade. Governo determinou que estatais de telecomunicações e de energia instalassem a infraestrutura básica. Garantiu a compra de tudo que fosse produzido e 3 institutos de pesquisa público-privados auxiliaram. Como resultado, em um mês, Taiwan multiplicou sua produção de máscaras em 10 vezes, 2º no mundo, só atrás da China. Exportações viraram instrumento de política externa. Uma “diplomacia das máscaras” para contrabalançar a influência da rival China.
Referências:
https://www.ft.com/content/e47a8cf4-786d-4367-a589-054a6a198840