Crescimento na China decepciona no segundo trimestre

Na semana passada, a Bovespa tentou superar os 120.000 pontos, mas não teve sucesso. Acabou registrando uma queda de 1% na semana. Nesse período, os juros caíram nos Estados Unidos, com os juros longos abaixo de 4%, o que foi uma novidade. As bolsas tiveram um comportamento melhor por lá, com uma alta média de cerca de 2%. O destaque desta manhã foi o crescimento da China, anunciado ontem à noite, que ficou abaixo do esperado, em 6,3% no segundo trimestre, enquanto a expectativa era de 6,9%. O setor varejista também teve um crescimento de 3,1%, abaixo dos 3,6% esperados. Além disso, os dados imobiliários vieram um pouco mais fracos do que o esperado. A única surpresa positiva foi na produção industrial, que surpreendeu para cima, com 4,4% em relação à expectativa de 2,5%. No geral, os resultados da China são mais fracos do que se imaginava, o que tem impacto negativo nos preços do petróleo e minério de ferro. Essa desaceleração da China se soma aos dados de atividade econômica mais fracos na Europa e nos Estados Unidos, indicando um segundo trimestre com franca desaceleração. Isso reduz o ímpeto inflacionário e derruba os preços das commodities. No entanto, também começa a gerar preocupações em termos de uma desaceleração mais forte. Além disso, na sexta-feira, tivemos dados de varejo no Brasil, que foram piores do que o esperado, com queda de cerca de 1%, enquanto a expectativa era de uma queda de apenas 0,2%. E agora, pela manhã, os dados de atividade econômica no Brasil também foram ruins, com uma forte queda em maio de 2% do IBC-BR, quando a expectativa era de uma queda de apenas 0,1%. Isso indica que o segundo trimestre no Brasil será pior do que o primeiro trimestre, lembrando que tivemos uma surpresa positiva no primeiro trimestre com o salto no IBC-BR.

Além disso, o IGP-10 de Julho teve uma queda de 1,1%, mostrando mais deflação. No acumulado do ano, o IGP-10 caiu 5,2%, e em 12 meses, a deflação chega a 7,89%, a maior desde os anos 50. O IPA-10 também registrou uma deflação de 1,54%. No relatório Focus, não tivemos grandes novidades, com o IPCA e a Selic mantidos nas expectativas anteriores. O destaque é que o IPC do IGP está correndo em 2% em 12 meses, abaixo da meta de inflação, o que coloca o Banco Central em uma posição delicada. Com a economia brasileira apresentando dados de atividade mais fracos, especialmente no setor varejista, percebemos que a economia não ligada ao agronegócio e às commodities está estagnada, enquanto aquelas que dependem desses setores estão em melhor situação. Os dados da China inauguram a safra do segundo trimestre, e devemos ter dados de PIB sendo divulgados nos próximos dias para os Estados Unidos e a Europa, que certamente serão piores do que os do primeiro trimestre. Estamos passando por uma mudança de cenário, com a possibilidade de uma onda deflacionária nos próximos meses, especialmente no setor industrial.

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