Na sexta-feira o mercado teve um desempenho positivo com a aprovação da reforma tributária e o relatório do payroll nos EUA mostrando um resultado um pouco mais fraco do que o esperado. A criação de vagas no mercado de trabalho americano ficou em torno de 200.000, abaixo da expectativa de 230.000 a 240.000. Essa foi a primeira vez em muito tempo, cerca de dez a doze meses, que tivemos um dado de mercado de trabalho abaixo do esperado. Isso aliviou a pressão sobre o dólar, que perdeu força globalmente e ajudou na valorização do real em mais de 1%. A bolsa de valores também teve um bom desempenho, subindo cerca de 1,25% e chegando perto dos 119.000 pontos. Esse otimismo foi impulsionado pela aprovação da reforma tributária e pelo voto de qualidade do CARF, que fortalece o governo e demonstra alinhamento com o congresso. Em relação ao arcabouço fiscal, que está previsto para agosto, não parece haver grandes dificuldades para a sua aprovação. Os juros de longo prazo também recuaram no Brasil como reflexo desses acontecimentos, com uma queda para cerca de 15bps. É importante ressaltar que parte desse movimento está relacionado à aprovação da reforma tributária e ao mercado de trabalho americano mais fraco, que aliviou a pressão sobre o dólar. Além disso, todas as moedas emergentes se valorizaram, não apenas o real. Nessa semana teremos uma série de dados de inflação nos Estados Unidos, como o CPI e o PPI, além da divulgação do IPCA no Brasil, que deve mostrar uma deflação em torno de 0,10% a 0,20% devido ao corte de preços da gasolina.
Também tivemos um dado preocupante da China, com uma deflação nos preços de atacado no PPI de 5,4%, pior do que se imaginava. Esse resultado começa a levantar preocupações sobre uma possível desaceleração econômica e deflação generalizada. No entanto, isso pode ajudar a controlar a inflação nos Estados Unidos e no Brasil, além de pressionar os juros para baixo. Reforça a perspectiva de corte de juros no Brasil em agosto e sinaliza o fim dos ciclos de alta nos Estados Unidos e na Europa. Por outro lado, a atividade econômica muito fraca e a falta de capacidade de reação da economia chinesa são motivos de preocupação. Os mercados gostariam de ver uma China com um crescimento mais robusto do que tem sido observado. Hoje, o Focus reduziu novamente a expectativa de inflação para este ano, agora em torno de 4,95%. Lembrando que há dois meses essa expectativa era de 6%. Para 2023, o mercado mantém uma expectativa de inflação abaixo de 5%, enquanto para 2024 a expectativa é de 3,92%. O Banco Central, em seu modelo, projeta uma inflação de 3,10% para 2025, seguindo os parâmetros de mercado. A curva de Selic esperada pelo mercado aponta uma taxa de 12% no final deste ano e 9,5% no próximo ano. Isso implica em um possível corte de 0,25% em agosto e mais três cortes de 0,5% até o final do ano, levando a taxa Selic para 13,5% em agosto e encerrando o ano em 12%. Para 2025, o mercado já projeta uma Selic de 9%. Essa perspectiva de inflação mais baixa e trajetória de juros futuros traz mais tranquilidade aos bancos centrais em relação aos próximos passos da política monetária, abrindo espaço para possíveis cortes nos EUA e Europa se a atividade econômica se tornar preocupante.