O Desenvolvimento econômico de um país depende da evolução de sua rede produtiva

Uma perspectiva interessante, ja conhecida ha tempos pelos economistas estruturalistas, mas que ganha novo fôlego com os trabalhos empíricos de Cesar Hidalgo e Hausmann no Atlas da Complexidade Econômica. Um pais desenvolvido nada mais e’ do que um pais que tem uma sofisticada rede produtiva. A chave para o desenvolvimento esta na capacidade de produzir e não na capacidade de comprar.

Como medir complexidade econômica?

https://medium.com/mit-media-lab/quantifying-knowledge-and-why-it-matters-for-new-companies-eaa52b9cfb1

*resumo aqui: 

http://chidalgo.com/Papers/HidalgoHausmann_DAI_2008.pdf

1 thought on “O Desenvolvimento econômico de um país depende da evolução de sua rede produtiva”

  1. Prezado Paulo, o assunto sobre o desenvolvimento nacional e regional me interessa como profissional do setor público nessa área, representando sempre um tema recorrente e com poucas ideias de solução contemporaneamente (parece que as ideais do Celso Furtando estão sendo reavivadas com atualização). Entretanto, penso que a óbvia correlação entre sofisticação produtiva e nível de desenvolvimento econômico de um país, que se observa nos dados empíricos disponíveis, revela um cenário pós-desenvolvimento e não propriamente como ocorreu o processo de desenvolvimento de cada país. Estudando-se a história econômica de cada país, também obviamente descobrimos que no início de sua “arrancada” para o desenvolvimento sua economia não era nem ubíqua nem diversificada, muito menos sofisticada, inclusive a economia inglesa antes da Primeira Revolução Industrial. Os EUA da metade do Século XX, por exemplo, não tinham uma economia sofisticada, mas com seu “selvagem” ciclo de desenvolvimento capitalista da segunda metade do Século XX essa sofisticação atingiu níveis muito mais elevados, tendo como “pontas-de-lança” a tríade industrial (no conceito norte-americano de “indústria”) composta de siderurgia, ferrovias e derivados de petróleo, além de dinheiro (crédito abundante) e de pessoas talentosas provenientes de todo o resto do mundo (existem diversas obras sobre os “barões” da indústria norte-americana que lideraram esse ciclo industrial, como John D. Rockfeller, Jay Gould, J. P. Morgan e outros). Essa tríade industrial nos EUA também se beneficiou bastante, na época, do uso de patentes europeias “não adquiridas oficialmente”, que você poderá acrescentar como um “padrão” comum em qualquer ciclo de desenvolvimento observado até hoje (a China apenas aprendeu com todos os outros países desenvolvidos). Então o verdadeiro desafio científico não será mostrar uma correlação atual entre sofisticação econômica e nível de desenvolvimento, mas mostrar como um país não capitalista periférico poderá partir de uma economia pouco sofisticada para uma economia mais sofisticada e mais desenvolvida, e essa “receita de bolo” não poderá descuidar, também (além das condições éticas sobre patentes), do ambiente político que propiciará esse desenvolvimento econômico, tendo-se o caso dos “tigres asiáticos” como o mais ilustrativo de como o desenvolvimento econômico depende do ambiente político reinante: no caso dos “tigres”, não custa lembrarmos que nenhum deles tinha (ou tem), em sua “arrancada” para o desenvolvimento na década de 1980, um sistema democrático como o nosso, tão aberto, plural e inclusivo, nem um sistema partidário tão fragmentado e questionado. O caso da Coréia do Sul, com a escolha de seus “campeões nacionais da indústria”, deixa evidente esse sistema democrático “híbrido”, como atenuam alguns autores, eufemisticamente, argumentando que existe um processo democrático “em curso” nesses países (por exemplo, a obra de Mark L. CLIFFORD “Troubled Tiger: Businessmen, Bureaucrats, and Generals in South Korea”, East Gate, 1998, é bastante didática nesse sentido). Creio que o exemplo do processo de desenvolvimento tardio dos “tigres asiáticos” é pouco animador para nós, brasileiros, pela diferença fundamental entre os sistemas políticos vigentes. Como ponto de partida para melhor estudarmos o caso brasileiro, sugiro um trabalho de “big data” na nova base de dados do IPEA denominada “IPEADATA”, com dados históricos (a partir de 1920) inclusive de população, PIB e PIB per capita do Brasil, das suas macrorregiões, Unidades da Federação e municípios, disponíveis para exportação no portal do IPEA na Internet, com os quais se poderá desenvolver interessantes estudos sobre os processos de desenvolvimento de microrregiões e municípios no país ao longo do Século XX. Com estudos dessa natureza talvez possamos entender melhor como ocorreram ciclos de desenvolvimento acelerado em certas regiões do Brasil e extrair desses casos de sucesso algumas lições para uso em contextos mais atuais, no sentido de se chegar a esse estágio de desenvolvimento caracterizado (a posteriori) por uma sofisticação industrial maior.

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