Em maravilhoso paper sobre o tema, Hartmann et al (2016) mostram que o enorme avanço em termos de redução de desigualdades da Ásia dinâmica está relacionado ao aumento da sofisticação produtiva e complexidade econômica. A manutenção da desigualdade da América Latina se deve a uma estrutura produtiva ainda “arcaica”, baseada em commodities, de baixa complexidade e que agora regride. Trata-se de um paper que avança a análise anterior dos autores no trabalho Economic Complexity and Inequality . Nesse primeiro trabalho inovador os autores mostram como podemos calcular índices Gini para produtos específicos, o PGI. Qual gini médio associado ao país produtor de tal produto? O resultado do primeiro trabalho mostra que o PGI de commodities é muito alto (desigualdade) e o PGI de produtos complexos é baixo (menor desigualdade). Nesse trabalho atual, inovam ainda mais ao calcular o XGini: o gini potencial do país dada a sua estrutura produtiva (mix de produtos). Países mais complexos caminham para um perfil de PGI melhor e apresentaram ao logo do tempo uma melhora do XGini, ou seja, aumenta muito o potencial de queda de desigualdade ligada à evolução do sistema produtivo. A essa altura do texto não preciso nem mencionar que na Ásia dinâmica tanto PGI quanto XGini melhoraram muito nos últimos 30 anos e na América Latina continuam horríveis, destaque de pior vai para Brasil.
Impactos da complexidade econômica na desigualdade social: América Latina e Ásia dinâmica
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Ótimo!!!
Valeu! Conhece o livro do jornalista Hélio Caldeira, onde defende a tese de que com a chegada da corte, em 1806, o Brasil perdeu em “complexidade econômica”?
nao, tem a referencia?thanks!
Interessante. Qual seria a explicação? E que dados empíricos embasam esse argumento? É uma tese muito contra-intuitiva. O que a maioria dos historiadores econômicos mostra é justamente o contrário: que com a vinda da Família Real e o embargo continental que segue as invasões napoleônicas, a Coroa Portuguesa no Brasil, impedida de importar tudo aquilo que vinha da Europa, passou a promover a produção interna para o seu próprio abastecimento. Isso incluía desde produtos alimentares básicos até bens de luxo, complexificando a divisão do trabalho e diversificando o leque de bens produzidos.
um pouco aqui: https://www.paulogala.com.br/a-desigualdade-de-um-pais-diminui-conforme-sua-complexidade-economica-aumenta/
quando vc fala que é mais fácil dar esse salto em países que tem população menor eu também acho que mesmo o brasil tendo 200 milhões de hab. ele tem essa capacidade porque tem grande arrecadação e mais mão de obra pra ser qualificada se for pensar nesse quesito.
O Brasil, enquanto estiver inserido nesse modo de vida onde quase tudo por aqui é improvisado, mal feito, deixa pra depois, não vai chegar ao patamar tecnológico das nações produtoras de bens de alto valor agregado. Planejamento de longo prazo é necessário, temos que começar quase do zero: Capacitar e treinar uma grande quantidade de professores de todos os niveis, criar instalações adequada, metodologia moderna e inovadora na educação da primeira infancia ao ensino medio ( ensino público similar aos instituto federal de educação) criar centros de pesquisa em atividades relevantes ( química fina, microeletronica, mecânica de alta precisão, tecnologia espacial entre outras) vamos deixar de ser um pais exportar de bens primario e rudimentar para exportarmos produtos de alto valor agregado. Uma deplomacia comercial atuante e treinada para vender ao redor do mundo nossos produtos.
Discordo que os governos deste cidadão reduziram a desigualdade social. Se alguma manifestação demudança ocorreu, foi devido as mudanças no mercado global. Entendo que a estrutura produtiva arcaica permanece porque os governos não tem a competência de traçar um planejamento estratégico. Talvez, tanto o conteúdo da mente dos políticos medíocres que temos´ou dos que os elegem possa ser resultado do péssimo sistema de Educação que temos…
Discorda? Como assim, os números estão errados? De repente você fica rico e famoso explicando para o Banco Mundial e o FMI como o Brasil fraudou as estatísticas internacionais durante os governos do PT…