O preço do petróleo teve uma pequena queda de 1% agora pela manhã em relação ao pico de ontem de U$92. O destaque ontem foi o aumento das taxas de juros a longo prazo nos EUA, com os juros de dez anos chegando a 4,9% e hoje a quase 5%. Imagine um retorno de 5% ao ano em dólares ao longo de trinta anos. Taxas tão altas por um período tão longo não eram vistas nos Estados Unidos há muito tempo. Além disso, há preocupações com o possível fechamento do governo (shutdown) americano devido à falta de acordo no Congresso sobre o limite da dívida. A contagem regressiva de trinta dias para resolver essa questão também está preocupando os mercados. O relatório “Livro Bege” divulgado ontem mostrou que a economia americana está mais forte do que o esperado no terceiro trimestre. A maioria dos indicadores aponta nessa direção, o que gerou um fortalecimento do dólar e o aumento das taxas de juros. As bolsas americanas caíram cerca de 1%. No Brasil, o presidente do Banco Central, Campos Neto, reforçou a visão de que o ritmo adequado de corte da taxa SELIC é de 0,50%. Isso levou os DIs futuros a caírem. No cenário é provável que terminemos o ano com uma SELIC de 11,75%, com cortes de 0,50% na próxima reunião de novembro e mais 0,50% na última reunião do ano em dezembro. O Índice Geral de Preços da FGV (IGP) na segunda prévia teve uma alta de 0,64%, com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) registrando alta de 0,14%, o Índice Nacional de Construção Civil (INCC-M) 0,28% e o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subindo 0,83%. Isso se deve, em parte, ao aumento do preço do petróleo, que afeta diversos bens, incluindo, por exemplo, asfalto, cimento e produtos petroquímicos, que dependem desse insumo. A desvalorização do real também tem um impacto inflacionário direto nos preços no atacado. Itens exportados e importados, como soja, milho, trigo e café, ficam mais caros em reais devido à desvalorização da moeda brasileira. Apesar de o IPCA estar controlado, o cenário de preços no atacado é mais desafiador e pode exercer pressão sobre a inflação no Brasil no futuro.
