Existem no país hoje, e desde sempre, duas grandes correntes de economistas com visões de mundo bem distintas acerca do desenvolvimento e crescimento. Para o grupo dos ortodoxos ou monetaristas, o desenvolvimento econômico tende a ser um processo natural e que depende basicamente de boas políticas internas, tais como: governo parcimonioso que não tribute demais, bom funcionamento da justiça, controle da inflação, educação pública universal de qualidade, defesa da concorrência, etc… Se essas políticas forem perseguidas, o desenvolvimento será apenas uma questão de tempo. Para o grupo dos desenvolvimentistas ou heterodoxos, o processo de desenvolvimento econômico se dá num contexto de intenso conflito entre nações, especialmente no que diz respeito a domínio de técnicas produtivas e capacidade de inovação. As multinacionais dos países ricos defendem com unhas e dentes seus mercados e tecnologias de produção. Para economistas desenvolvimentistas, o padrão de especialização produtiva é chave para entender o processo de desenvolvimento econômico. Ser desenvolvido significa dominar tecnologias avançadas de produção e criar capacidades e competências locais. Produzir castanha de caju ou chips de computador, carros ou havaianas, bananas ou computadores faz diferença. Ou seja, o processo de desenvolvimento não é setor-neutro (depende da composição agricultura, serviços e indústria do PIB) e depende do tipo de produto que um país é capaz de produzir. A produtividade da economia deixa de ser algo que depende dos indivíduos, como na visão ortodoxa e passa a ser algo sistêmico. Trabalhadores inseridos em setores tecnologicamente sofisticados serão produtivos devido às características intrínsecas do setor e não a dos trabalhadores. A empregada doméstica que é retreinada para trabalhar numa fábrica tem sua produtividade aumentada enormemente, por exemplo.

Paulo, permita-me discordar num aspecto: reduzir a ortodoxia ao monetarismo implicar em desprezar outras ramificações do pensamento liberal, entre as quais a escola austríaca, as expectativas racionais, a escolha pública, o neoinstitucionalismo e a economia da oferta.
Todas essas escolas já foram muito bem estudadas e mostram sua absoluta irrealidade de premissas. Acho notáveis as contribuições de Hyman Minsky ao tema da incapacidade do pensamento econômico liberal em tratar com suas categorias teóricas a gênese e desdobamentos das crises econômicas. O Monetarismo é a arma do capitalismo financeiro para submeter os países não centrais aos interesses seus. E como muito bem disse Maria da Conceição Tavares, os monetaristas desenvolveram uma teoria monetária, sem saber definir o que é Moeda!.
Debate muito interessante! Parabéns aos professores debatedores! Muito obrigado pelos esclarecimentos
As visões de mundo são: Império e Colônia. O resto é cortina de fumaça. kkkk
Esclarecedor o debate dos professores Paulo Gala e Samuel Pessoa. Tenho uma pergunta: o que deu errado na União Soviética no final do século passado? Um império que teve crescimento econômico enorme nas primeiras décadas do período soviético e ruiu quase que subitamente. Tem haver com a revolução tecnológica e científica que o Ocidente viveu?
por aí. vou gravar um video no meu canla sobre isso. abs