*escrito com Uallace Moreira
A guerra pelos semicondutores no mundo é uma aula viva de desenvolvimento econômico. O que se faz no Brasil é uma aula viva de como um governo afunda um país na pobreza. As características da tecnologia de produção de semicondutores abrem janelas de oportunidades para vários países. A China está implementado políticas de catch up tecnológico para superar os EUA. A guerra tecnológica entre EUA e China se acirraram em 2020, com os EUA impondo sanções sobre a Huawei/China. EUA impos à empresa Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) cortar relações e fornecimento de semicondutores para a Huawei. Fica claro como Taiwan e a Coreia do Sul se tornaram países estratégicos para a China e os EUA. O violento boicote do governo americano poderia significar o começo do fim para a Huawei Technologies Co. Ltd., uma das maiores histórias de sucesso de alta tecnologia da China. Diante das sanções e do acirramento dos conflitos, foi essencial o Plano de controle do governo chinês para orientar as empresas do setor privado para a “Nova Era”, assim como o a força do mercado interno e o Plano de US$ 1,4 trilhão na China para tentar dominar a indústria mundial de semicondutores. O “China Standards 2035”, complemento do plano de modernização industrial “Made in China 2025”, conduz a China para ser um dos maiores players tecnológicos mundiais, dominando o setor de semicondutores. Com a gigante tecnológica SMIC, a China está criando seu campeão internacional de semicondutores e chips para lutar contra EUA e Taiwan. Como os EUA usa a TSMC (Taiwanensa) para boicotar a China, o desenvolvimento da SMIC é fundamental. A outra guerra tecnológica entre China e Índia sobre 5G também traz lições para a Ceitec no Brasil. A Índia está se aliando aos EUA e ao Japão para projetar e construir redes 5G, principalmente para fortalecer os três principais provedores de telecomunicações do país. – Reliance JioInfocomm, Bharti Airtel e Vodafone-Idea. Ou seja, a Índia está buscando fortalecer sua cadeia produtiva nacional e atender a demanda externa dos EUA. O Brasil também poderia seguir o mesmo caminho, com o fortalecimento da CEITEC. Diante desse cenário, fica claro como a CEITEC é uma empresa estratégica para o desenvolvimento econômico brasileiro. Vender ou fechar a CEITEC é condenar o Brasil à uma condição de economia periférica e subordinada, com especialização na produção de bens de baixo conteúdo tecnológico.
Diante dos argumentos do governo pra fechar a CEITEC de que é uma empresa que dá prejuízo, é importante lembrar que para qualquer país que adota estratégia de catch up e upgrading em suas estruturas produtivas, no curto prazo, é absolutamente normal uma empresa não apresentar lucros elevados, dado que é uma empresa nascente. Entretanto, no longo prazo, com mais investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e em infraestrutura, a CEITEC tende a ganhar escala e escopo, tornando-se uma empresa competitiva e lucrativa no longo prazo. Para Julio Leão especialista em computação e porta-voz da Associação dos Colaboradores do Ceitec, esse prejuízo seria revertido em pouco tempo. “O amadurecimento de uma empresa de semicondutores é curva longa, na casa dos 20 anos. Saímos de R$ 9 milhões de faturamento para R$ 13 milhões em 2020. A previsão estimada para 2021 era de R$ 20 milhões. Até 2024 poderíamos empatar o quanto a gente custa e consegue faturar”. A CEITEC tem projetos com reconhecimento internacional. De acordo com reportagem recente publicado no Uol: “Um projeto recente do Ceitec foi bastante elogiado pela comunidade internacional de tecnologia. A estatal conseguiu desenvolver um chip logístico que possui um quarto da área do chip original —que hoje são utilizados nos cartuchos das impressoras HP. Uma lâmina de silício possibilita a fabricação de 40 mil chips em uma lâmina de 8 polegadas. Com a evolução desenvolvida pelo Ceitec, será possível produzir 120 mil chips em uma lâmina”. “Um dos projetos mais promissores do Ceitec diz respeito à segurança nacional: o chip para passaporte, composto por um microprocessador, que grava as informações do viajante, e um software embarcado, que provê as funcionalidades do e-passaporte. O produto, chamado CTC21001, já recebeu a certificação internacional de segurança Common Criteria, essencial para a produção e comercialização do produto.”
Referências:
https://portaldisparada.com.br/economia-e-subdesenvolvimento/guerra-tecnologica-samsung-tsmc/
https://portaldisparada.com.br/economia-e-subdesenvolvimento/china-eua-tecnologia/
https://twitter.com/moreira_uallace/status/1296542453240139780
https://www.paulogala.com.br/o-governo-americano-conseguira-destruir-a-huawei-nao-e-livre-mercado/
https://www.paulogala.com.br/huawei-entra-em-um-novo-mundo-com-as-sancoes-dos-eua/
https://www.paulogala.com.br/china-no-caminho-para-o-dominio-tecnologico-mundial/
https://twitter.com/moreira_uallace/status/1342174379346681857