*escrito com Ligia Zagato
Desde que entrou para a União Europeia, em 1973, a Irlanda recebeu apoio dos Fundos Estruturais Europeus, voltados para promover o desenvolvimento da infraestrutura física e social dos países membros (McCarthy, 2001). Aimplantação de políticas industriais promoveu a diversificação da economia por meio de exportações. O governo irlandês decidiu desenvolver e adotar uma política industrial focada na atração de investidores estrangeiros dos setores mais dinâmicos da economia mundial na época, como computação, química e petroquímica. A estratégia foi implantada pela Autoridade de Desenvolvimento Industrial (Industrial Development Authority – IDA). A IDA foi eficiente, atraindo diversas grandes empresas, como Intel, IBM, Motorola e Microsoft (Godoi, 2007). Em poucas décadas a economia irlandesa passou de predominantemente agrícola e de manufaturas tradicionais para uma economia baseada na produção de alta tecnologia e na oferta de serviços internacionais sofisticados. Com isso, o país se tornou um dos maiores exportadores de software do mundo e é, atualmente, altamente competitivo e setores como o de produtos químicos, e de tecnologia da informação e comunicação (TIC), que representaram 35% das exportações nacionais em 2014.
O sucesso das políticas de desenvolvimento irlandesas somente foi possível graças ao estabelecimento de um ambiente macroeconômico favorável, oriundo de uma externalidade positiva da política de redução do desemprego do país. A principal meta econômica do governo irlandês na década de 1980 era estabilizar os salários nominais, permitindo que os benefícios associados a uma taxa de câmbio nominal estável e uma produtividade crescente se refletissem em crescimento do emprego. Além disso, deu-se ênfase consistente na melhoria da competitividade internacional para reduzir o desemprego. Juntamente com a política salarial, o governo promoveu duas grandes desvalorizações da libra irlandesa no mecanismo cambial do sistema monetário europeu, em 1985 e 1993. Isso levou a um ganho impressionante de competitividade do setor de manufaturas (Walsh, 1999).
Referencias:
Breznitz, D. (2007) Innovation and the State – Political choice and strategies for growth in Israel, Taiwan, and Ireland. New Haven/Londres, Yale University Press.
Godoi, A. S. F. (2007) O milagre irlandês como exemplo da adoção de uma estratégia nacional de desenvolvimento. Revista de Economia Política, 27, 4(108), 546–66.
Walsh, B. (1999) The Persistence of High Unemployment in a Small Open Labour Market: The Irish Case. In Barry, F. 1999. Understanding Ireland’s economic growth. London, Macmillan press ltd.