*texto escrito com Felipe Augusto
Mark Taylor (2016) propôs uma tese para explicar por que alguns países inovam mais do que outros. Para ele, explicações tradicionais decorrentes da correção de falhas de mercado não seriam tão relevantes. O que melhor explicaria seria o que ele chama de “insegurança criativa”.

Para ele, nem políticas públicas como direitos de propriedade, subsídios a P&D, educação, inst. de pesquisa e pol. comercial, tampouco instituições como variações de capitalismo, democracia e nível de descentralização explicariam tão bem as diferenças entre os países. A melhor explicação estaria na política. Segundo seu conceito de “insegurança criativa” (derivado da “destruição criativa” de Schumpeter) a inovação cria vencedores e perdedores e sua direção é difícil de prever, logo os defensores do status quo de um país/economia normalmente resistirão a ela. Isto somente não aconteceria quando as ameaças externas ao país superassem as ameaças internas. Nesse caso, o apoio político à inovação cresceria e superaria a resistência dos grupos de interesse internos.

Tal situação ocorreria quando um país possuísse alta ameaça externa (como história recente de conflitos externos e alta dependência de importações de comida/energia) e/ou baixa ameaça interna (como ausência de guerras civis, baixa frequência de greves e baixa desigualdade).

A atual guerra tecnológica parece se alinhar bem à sua tese. O crescimento chinês vem gerando apoio bipartidário nos EUA às retaliações de Trump, as quais, por sua vez, têm aproximado empresas e Governo na China em busca de autossuficiência tecnológica. Só o tempo dirá se o avanço tecnológico decorrente deste conflito se assemelhará, por exemplo, ao da corrida espacial entre EUA e URSS durante a Guerra Fria, que tantas invenções legou à humanidade. Nada garante também que ele não possa nos levar a um desastre sem precedentes. Por fim, o autor prevê que o BR será uma das “potenciais decepções” quanto ao desempenho em inovação nos próximos 20 anos. Tais países possuem altos níveis de desigualdade, agitação política e conflitos civis, tendo relativa segurança em suas fronteiras e importações estratégicas.

Dia após dia crescem as evidências de que o comportamento ofensivo dos EUA está gerando um alinhamento entre Estado chinês e empresas nacionais. Esta coesão, muito difícil de ser alcançada, é central para a execução efetiva de Planos de Desenvolvimento
