Financial Times analisa a revolução do crédito no Brasil

*escrito com Andre Roncaglia

Reportagem do FT sobre o novo momento da economia brasileira: inflação e juros baixos implicam uma mudança no financiamento do investimento. Como mostra o gráfico a seguir, há muito recurso ainda a fugir dos baixos rendimentos da renda fixa (linha azul), conforme este títulos forem vencendo. O potencial de crescimento (linhas vermelha e azul clara) é enorme.

Os brasileiros já dominam o volume de ativos na B3, mostrando este deslocamento de recursos da renda fixa para a renda variável.

Este deslocamento de recursos vai inflando os preços dos ativos. A dúvida é saber se esta elevação do q de Tobin pode gerar no crescimento efetivo da riqueza para o país. Se isso ocorrer, melhoram os fundamentos macro e a chance de bolha estourando diminui.

Reportagem do G1 mostra que, pela 1ª vez em quase 10 anos, a “rentabilidade” dos investimentos ficou no azul. Este “q de Tobin” maior que um indica que o “retorno supera custo de captação”, tornando o investimento  atrativo para as empresas.

Mas não nos enganemos, este é apenas um cálculo de viabilidade. É mera questão de preço (juro em queda). O investimento está se pagando. Isso não significa que haja “vontade” empresarial de investir, dada a ampla ociosidade da estrutura atual e com o comércio tropeçando. Afinal, Ferrari em promoção (50% off) não faz dela um carro popular. É cara, custo de manutenção elevado e retorno (psíquico e social) incerto. Será que vale a pena? Similarmente, investimento barato sem expectativa de demanda para a produção adicional não anima empresário. Capacidade ociosa elevada é parcialmente compensada pela elevação confiança do empresariado no futuro da economia. Agora veremos quanto os empresários privados terão seus “espíritos animais” afiados para, como se espera, assumir o motor do crescimento da economia.

O FT mostra que o nível de endividamento empresarial agregado está subindo (dobrou nos últimos 4 anos), o que pode ser indício de uma mobilização maciça de recursos para uma nova onde de investimentos. Há riscos de alavancagem excessiva, como o caso das Rod. Tietê.

O setor habitacional vai substituindo o financiamento público pelo privado (linha azul escura).

E o rápido desmonte do papel do BNDES como provedor de crédito em larga escala e a juros subsidiados…

Vai dando lugar ao setor bancário privado (barra azul escura).

E aponta a rigidez à baixa das taxas cobradas pelos bancos privados (linhas azuis no alto) como um obstáculo à retomada do ainda frágil crescimento.

Conclui o artigo: “Qualquer revés minaria a confiança na recuperação ainda anêmica do Brasil. (…) Enquanto isso, a revolução que varre os mercados de capitais do Brasil ainda não chegou a outras partes do sistema financeiro.”

materia aqui, vale muito a leitura!

https://www.ft.com/content/0cb45705-8274-42f9-8f95-88abaf9ad1b5?accessToken=zwAAAXBTYecQkc8MtFcFgnRC-dOPlYirr5rRtQ.MEQCIGZzs4Yb6fsoNXkL4v2fhZid3GgnaCdSqSli7fMX9MjjAiBezVLQwWExlQpcO5hbYLtk3gNxc7VEceW8BkIoo0Z_Ww&sharetype=gift?token=0d96b60e-7ada-4390-870b-42c10ecac248

2 thoughts on “Financial Times analisa a revolução do crédito no Brasil”

  1. Excelente artigo, obrigado! Eu só fiquei sem entender bem o que significa cada legenda neste último gráfico.
    A primeira legenda é a taxa mais baixa? O que são as “non-financial corporations” ?
    Overdraft rate é o produto aqui conhecido como cheque especial?

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