Fitch rebaixa nota da dívida americana

Dia de aversão ao risco ontem, com impacto nas bolsas dos Estados Unidos e no Brasil, além da valorização do dólar por aqui. O índice DXY voltou a 102 pontos. Dia de estresse também nos juros americanos de 10 anos que subiram acima de 4% após o rebaixamento da nota da dívida americana pela FITCH. Essa mudança na classificação da dívida reflete o alto endividamento dos EUA, que superou 100% do PIB, e os gastos significativos com juros, ultrapassando os gastos com defesa em mais de 800 bilhões de dólares anualmente. Contudo, é importante ressaltar que apesar do rebaixamento os títulos do governo dos EUA, conhecidos como Treasuries, continuam sendo o ativo mais aceito e seguro no mundo. Mais de 20 trilhões de dólares estão alocados nesses títulos, representando um mercado de referência global. A falta de alternativas viáveis torna os Treasuries a principal escolha para investidores ao redor do mundo, apesar da deterioração da trajetória da dívida. Essa mesma falta de alternativas também se aplica ao dólar. Cerca de 90% das transações mundiais e mais de 80% das reservas internacionais são denominadas em dólar, o que reforça sua posição como moeda dominante no cenário global. Ontem, os dados do mercado de trabalho americano mostraram alguma desaceleração em relação ao mês anterior, mas ainda indicaram uma força considerável no mercado. Com cerca de 9,5 milhões de vagas abertas para 6 milhões de empregados, a relação vaga-aberta/empregado atingiu o menor nível desde 2021, porém, ainda se mantém em patamar forte, não visto desde os anos 60. Essa perspectiva de mercado de trabalho robusto tem preocupado os investidores, com receios de mais altas de juros nos EUA em setembro. Esses fatores provocaram uma valorização do dólar no mundo e uma desvalorização das moedas emergentes, incluindo o real brasileiro. A noite de hoje será importante com a divulgação da decisão do COPOM (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa de juros. O mercado está dividido entre um corte de 0,25% ou de 0,50%, e os investidores estarão atentos ao comunicado e à sinalização que o COPOM dará para entender a direção dos cortes de juros nos próximos meses e anos. Entramos, provavelmente, em um novo regime monetário no Brasil, com um longo ciclo de cortes de juros adiante.

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