O índice Bovespa enfrentou ontem novas quedas, seguindo a tendência dos Estados Unidos. As bolsas americanas não conseguiram acompanhar o ritmo de alta, o que impactou a Bovespa, que caiu 0,94% para 117.000 pontos. O volume de negociação permaneceu relativamente baixo, atingindo 19 bilhões de reais. Além disso, o dólar se valorizou tanto no Brasil quanto globalmente. No centro das atenções está a reunião de Jackson Hole, que já começou. Os diretores do Banco Central dos Estados Unidos expressaram ontem opiniões diversas sobre a necessidade de aumentar ou encerrar a trajetória de alta nas taxas de juros. Hoje, mais quatro diretores do Fed farão discursos, além das falas do presidente Powell às 11h e da presidente do BCE Cristine Lagarde às 16h. Essa variedade de posicionamentos cria uma atmosfera de expectativa em relação às políticas de juros, tanto nos EUA quanto na Europa. Há especulações sobre uma possível pausa nas altas de juros na Europa, devido à desaceleração da atividade econômica. Ontem, as bolsas nos EUA experimentaram uma queda de mais de 1%, influenciando a Bovespa a seguir a mesma tendência. O DXY (índice do dólar) também se fortaleceu globalmente, impactando a valorização do dólar em relação a outras moedas, incluindo o Real brasileiro. As taxas de juros futuros nos EUA voltaram a subir com o título de dois anos ultrapassando 5% e o de dez anos superando 4,3%. O direcionamento futuro dependerá em grande medida do discurso de hoje de J. Powell. Um tom mais suave pode levar a um rali nas bolsas, valorização do Real e queda nas taxas de juros. Já um discurso mais rígido pode manter o cenário estressado. Eu espero que Powell adote uma postura mais voltada para conter a inflação, dadas as preocupações com uma taxa que permanece em torno de 3,3% a 3,2%. A situação da inflação nos EUA ainda não está completamente controlada, o que provavelmente resultará em um discurso de combate à inflação. No contexto brasileiro, dados importantes de inflação foram divulgados. O IPC da FIPE registrou uma queda significativa com deflação de 0,50%, e o IPCA quinze veio em 0,28%, acima das expectativas de 0,13%. O acumulado anual do IPCA já ultrapassou a meta estipulada, sinalizando que a luta contra a inflação não está ganha. A Selic deve continuar numa trajetória de queda, possivelmente parando entre 9% e 10% devido ao cenário atual e aos resultados de inflação acima do esperado.
