A história da Inglaterra como uma nação protecionista remonta aos séculos XVI e XVII, durante o período da Revolução Industrial e do surgimento do capitalismo moderno. Durante o reinado de Elizabeth I, no final do século XVI, a Inglaterra adotou uma política protecionista conhecida como “mercantilismo”. Essa abordagem buscava aumentar as exportações e restringir as importações, promovendo a acumulação de riqueza nacional e o fortalecimento da economia doméstica. O mercantilismo enfatizava a importância do comércio colonial e a exploração de recursos naturais nas colônias para alimentar as indústrias inglesas. A Inglaterra buscava proteger sua indústria manufatureira emergente, impondo tarifas e barreiras comerciais para limitar a concorrência estrangeira e incentivar a produção interna. Essa mentalidade protecionista continuou a se fortalecer ao longo dos séculos seguintes. Durante o século XVII, a chamada “Lei do Milho” (Corn Laws) foi promulgada para proteger os agricultores ingleses, impondo altas tarifas sobre a importação de grãos. Essa medida buscava garantir a segurança alimentar do país e proteger os interesses dos proprietários de terras.
No entanto, com o tempo, a política protecionista da Inglaterra foi desafiada por defensores do livre comércio e do liberalismo econômico. No início do século XIX, figuras como Adam Smith e David Ricardo argumentavam a favor da liberalização do comércio, afirmando que a abertura econômica traria benefícios maiores para o país. Foi somente após uma longa batalha política e pressões de diferentes grupos sociais que as Leis do Milho foram revogadas em 1846. Essa mudança representou um ponto de virada significativo, marcando a transição da Inglaterra para uma postura mais aberta ao comércio internacional. A partir desse momento, a Inglaterra passou a adotar uma política comercial mais voltada para o livre comércio, buscando estabelecer acordos comerciais bilaterais e multilaterais. A nação se tornou um importante defensor do liberalismo econômico, influenciando o desenvolvimento do comércio global nos séculos seguintes.
Nos trechos abaixo destacados do livro Translating Empire de Sophus Reinert a Inglaterra surge como a grande nação protecionista do século 17. Impressiona o relato feito por John Cary em seu livro publicado em 1695 em Bristol sobre as pesadas praticas protecionistas e nacionalistas da Inglaterra nos séculos 16 e 17. Os ataques “comerciais” a Portugal, França e Itália para dominar o comércio de têxteis e a desindutrializacao forçada que Londres impôs a Irlanda para desbancar a concorrência na manufatura de tecidos. Para Cary estava bem claro que o caminho para Inglaterra se expandir era continuar importando matérias primas baratas e exportando manufaturados, roubando os mercados atendidos por Amsterdam, Bruges, Ghent, Florença e Veneza principalmente. A estratégia inglesa revelou-se incrivelmente acertada e no início dos 1800 os 400 anos de protecionismo praticados pelos ingleses deixavam a Inglaterra em posição absolutamente confortável para dominar o mundo com seu “liberalismo”.
http://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674061514
nas palavras de List:
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