Inovações verdes e “capitalismo de compadrio” no Reino Unido

*escrito com Fausto Oliveira

A corrida no capitalismo pela nova tecnologia limpa de motorização tem novo capítulo. A inglesa JCB divulgou o 1º protótipo de escavadeira com célula de hidrogênio. Até aí tudo bem, mas a história contém um twist sensacional. O protótipo é um acontecimento importante porque uma coisa é movimentar veículos leves com tecnologia limpa. Outra é fazer isso com equipamentos pesados cujo trabalho é bem mais complicado. Com célula de hidrogênio, o gás de escape é vapor de ar. A alternativa é ir com baterias, mas o inconveniente é o tamanho, o custo e a necessidade de realimentação a cada ciclo. A célula vai ganhar a briga. Mas o que fez a JCB ganhar essa dianteira no mercado de equipamentos pesados? Este é o Lord Joseph Cyrill Bamford (o JCB da sigla, filho do JCB original). Beneficiário de condições de apoio econômico especialíssimas em toda a Comunidade Britânica, é um senhorzinho esperto.

Joseph colocou seu filho Jo para trabalhar 14 anos na JCB. Mas dali ele saiu e fundou uma empresa de… células de hidrogênio! A Ryse Hydrogen não criou a tecnologia, mas se posicionou bem, adquirindo a fábrica de ônibus Wrightbus na Irlanda do Norte. Testou, testou, e agora consegue aplicar suas células na empresa do pai. Aquela mesmo que a diplomacia da Rainha leva para o mundo. Enquanto isso, faz lobby para que Londres implemente o hidrogênio na sua frota de ônibus (que ele, coincidentemente, produz). “O hidrogênio é a melhor oportunidade para o Reino Unido construir uma indústria líder, que crie empregos no Reino Unido, reduza as emissões e faça inveja no mundo”, diz o Jo, esse “heroico” empreendedor.

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