IPCA abaixo do esperado em Outubro

Ontem à tarde o mercado passou por uma reviravolta: o tom mais duro e incisivo do discurso de J. Powell acabou por estragar a festa de alta dos ativos, indicando que o FED poderá retomar o aumento das taxas de juros se a atividade econômica mantiver sua robustez. Isso poderia representar uma reversão da tendência de queda dos juros longos que vinha sendo observada, que desencadeou um rali vigoroso na bolsa brasileira até os 120 mil pontos, com o Real abaixo de 4,90 e os juros longos em declínio. Além do impacto do discurso de Powell, o leilão de títulos de trinta anos nos EUA também chamou a atenção: foi desfavorável, com uma demanda fraca, resultando em um aumento na taxa para 4,80%. Esse movimento teve implicações significativas, pesando sobre as bolsas americanas e ativos emergentes em geral. O dólar se fortaleceu no Brasil atingindo a marca de 4,94, e os juros futuros também subiram, fruto de maior aversão ao risco. Agora pela manhã recebemos notícias positivas em relação à inflação no Brasil. A primeira prévia do IGPM indicou uma deflação de 0,27, revertendo parte das leituras de outubro. O IPCA fechou outubro em 0,24, abaixo das expectativas de 0,29, com destaque para a desaceleração nos serviços (0,19) e a redução nos preços dos combustíveis, beneficiados pela queda anunciada pela Petrobras na gasolina e no etanol. Todos esses elementos contribuíram para um comportamento mais favorável da inflação, que, em doze meses, está em 4,82%, provavelmente encerrando o ano abaixo do teto da meta de 4,75%. Apesar do aumento nas passagens aéreas e na difusão, que ultrapassou os 50%, o cenário geral indica uma trajetória positiva para a inflação. Os indicadores de atividade econômica mostram sinais de enfraquecimento, sinalizando a possibilidade de mudanças nas expectativas de crescimento para o próximo ano. O cenário de crescimento mais lento no terceiro e quarto trimestres deste ano contribui para uma inflação mais controlada, aliviando a pressão sobre o mercado de trabalho. Embora seja uma má notícia em termos de crescimento, a boa notícia é que a inflação permanece controlada, permitindo ao Banco Central continuar cortando as taxas de juros, possivelmente abaixo dos 10%.

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