Iphone, Embraer e Concorde: o que há em comum?

Algumas das tecnologias usadas no novo boeing 787 foram testadas e desenvolvidas pela Nasa. Num processo recente na organização mundial do comércio sobre subsídios na aviação a Airbus chamou o novo boeing 787 dreamliner de “subsidyliner”: o avião que mais recebeu subsídios do governo na história da aeronáutica: 5bi U$ do tesouro americano em subsídios diretos e indiretos segundo o processo. Na Europa o aprendizado com o Concorde e os enormes gastos públicos feitos nessa área pelo governo francês e do Reino Unido foram importantes para o futuro desenvolvimento dos aviões da Airbus; o sistemas de fly-by-wire, piloto automático para voo, pouso e decolagem, hidráulica de alta-pressão, freios de carbono, e outras técnicas avançadas para manufaturas ligadas a aviação vem desse projeto. O mesmo raciocínio vale para a indústria farmacêutica como bem mostra M. Mazzucato em seu interessante livro sobre o papel do estado empreendedor, tanto na qualidade de fomento dos estágios iniciais de empresas como Apple, quanto no financiamento e desenvolvimento de tecnologias que depois são apropriadas pela iniciativa privada com grandes lucros. O melhor exemplo aqui é a Apple e seus produtos. O iPhone por exemplo funciona a partir de internet e GPS, duas tecnologias essenciais desenvolvidas a partir de investimentos públicos e militares e depois aproveitadas com maestria por Steve Jobs com as tecnologias de design e integração de software e hardware da Apple. Até mesmo o primeiro iPod só foi possível por conta de avanços de tecnologias fomentadas e financiadas por investimentos públicos na Europa e nos EUA; que depois acabaram resultando nos hard drives magnéticos de tamanho ínfimo com capacidade de armazenagem absurda. Ou seja, como mostra Mazzucato, o estado empreendedor tem papel fundamental no desenvolvimento tecnológico. Como alias sempre foi o caso desde a marinha bélica e mercante holandesa, por exemplo, e as inúmeras inovações tecnológicas feitas na cidade de Delft dos 1600 e arredores.


 

Alexander Hamilton e a grande tradição protecionista dos EUA

bom texto sobre tecnologia militar americana

 

9 thoughts on “Iphone, Embraer e Concorde: o que há em comum?”

  1. Imagino que existam milhares de peças que componham uma aeronave. No caso da Embraer, seria possível mapear a cadeia produtiva, indicando claramente o que de fato se produz em termos de peças para feitura de aeronaves no Brasil (incluindo ferramentas e maquinas) e sendo produzido que tipo de empresa a produz – multinacional ou empresa brasileira – comandada por brasileiros , mas sem serem braço de alguma multinacional.

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