No momento passamos por novo ciclo de cortes da SELIC; repetiremos o que se viu no passado quando a SELIC caiu e voltou a subir rapidamente? Não. O quadro atual de atividade no Brasil e’ mais do que conhecido. Taxa de desemprego em alta, acima dos 12%. Nível de produção industrial em ainda em mínimas em termos absolutos desde 2004. Varejo na maioria dos segmentos melhora lentamente mas a utilização de capacidade instalada continua em mínimas importantes. O consumo e investimento agregados se recuperam lentamente. As famílias e empresas brasileiras estão hoje muito mais alavancadas. A relação credito/PIB saiu de 22% em 2002 e foi a 56% em 2014. A alta da taxa SELIC dos 7,25% para os 14,25% castigou fortemente os endividados. Nesse contexto qual seria hoje o nível de SELIC consistente com um crescimento (não inflacionário) do PIB entre 2% e 3%? Ou seja, qual seria a taxa “neutra” de juros de curto prazo que não produz pressão inflacionaria na economia brasileira vinda de pressões de demanda? Para responder essa pergunta e’ fundamental entender o macro contexto brasileiro dos últimos anos. O país tem uma situação de excesso de oferta generalizado nas indústrias, no setor imobiliário, no varejo e no mercado de trabalho. Salários reais caíram em vários setores, alugueis nominas e preços de imóveis estão também em queda. O boom de alavancagem brasileiro dos últimos 10 anos produziu grande capacidade de oferta que não consegue ser absorvida agora. No contexto atual é razoável imaginar que o nível de SELIC necessário para estabilizar a demanda em nível compatível com a oferta e capacidade produtiva é hoje bem menor do que no passado, talvez até o menor das últimas décadas. Novos cálculos para o hiato do produto no Brasil apontam para enorme diferença ainda entre nosso PIB potencial e PIB corrente (trabalho aqui:http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/536764/EE_04_2018.pdf)
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