Mais um dia de desempenho negativo para a Bovespa, com um declínio de 1%, levando o índice para 116k pontos. Completamos agora dez dias consecutivos de quedas. Um dado interessante a se observar é que há quarenta anos não tínhamos uma sequência como essa, com dez dias de quedas consecutivas, embora essas quedas tenham sido relativamente pequenas. No acumulado do mês, a bolsa registra uma queda de 4%. Para contextualizar, nas grandes crises anteriores, as quedas acumuladas foram mais expressivas, chegando a 20 ou 25%. A conjuntura internacional tem contribuído para esse cenário. Nos Estados Unidos, os juros de dez anos atingiram a máxima do ano a 4,23%, enquanto os juros de trinta anos também estão próximos da máxima. Esse movimento reflete uma tensão em relação a possíveis aumentos de juros por parte do FED, especialmente na reunião de setembro. O PPI (Índice de Preços ao Produtor) divulgado na sexta-feira passada veio um pouco acima das expectativas, adicionando mais incertezas ao quadro. Na China, também observamos preocupações devido aos atrasos nos pagamentos das imobiliárias, sendo a Country Garden a mais recente a enfrentar essa situação. Além disso, os dados de produção industrial para julho vieram abaixo das previsões, registrando um crescimento de 3,7% em comparação com a expectativa de 4,4%. Essa desaceleração na atividade econômica chinesa tem contribuído para amplificar o clima de incerteza e desconfiança nos mercados globais. Esses fatores têm tido um impacto significativo nos ativos brasileiros. A bolsa continua em queda, e o dólar atingiu a marca de R$4,96, representando uma desvalorização considerável do real nos últimos trinta dias. Além disso, os juros de longo prazo subiram para 11%, algo que não víamos há um tempo considerável. Internamente, as discussões orçamentárias no Congresso estão enfrentando dificuldades, causando certo estresse entre as partes envolvidas. Essa incerteza em relação ao arcabouço fiscal pode estar contribuindo para a volatilidade nos mercados. No entanto, há alguns aspectos positivos a se observar. O desemprego no Brasil continua a cair, alcançando 8%, o nível mais baixo desde 2014. Isso indica uma recuperação na economia brasileira e pode estar sinalizando um crescimento em torno de 2,5% neste ano e um crescimento acima de 2% no próximo ano. Além disso, os resultados do varejo nos Estados Unidos divulgados hoje foram bastante fortes, superando as expectativas, com um aumento de 0,7%. Essa notícia pode ter impacto nas taxas de juros, uma vez que uma economia aquecida pode demandar aumentos nas taxas. O cenário atual é marcado por uma série de fatores que têm gerado volatilidade nos mercados. A combinação de elementos externos, como os movimentos nos juros norte-americanos e as preocupações com a China, juntamente com as questões internas, como as discussões orçamentárias, tem contribuído para o ambiente de incerteza que estamos vivenciando.
