*escrito com Felipe Augusto
Artigo importante para o debate sobre estratégias de desenvolvimento. Autores afirmam que Chile e Malásia estariam se aproximando da renda alta, juntando-se aos poucos países que chegaram lá nas últimas décadas, com um modelo distinto dos demais.
Recorda-se que atingir a alta renda tem sido difícil. Um dos parâmetros mais utilizados é um percentual sobre a renda per capita americana. Os autores utilizam 40%, mesmo critério de um estudo do Banco Mundial que mostrou que apenas 13 países atingiram alta renda desde 1960
A estratégia dependente de recursos minerais é considerada vulnerável à flutuação de preços das commodities e não sustentável no longo prazo. A dos tigres exigiria políticas industriais ambiciosas e arriscadas. Os autores apontam que Chile e Malásia superaram a barreira dos 40% e, portanto, estariam abandonando a chamada armadilha da renda média. E a estratégia seria a adição de valor e a diversificação DENTRO de setores baseados em recursos naturais
Nesse contexto, os setores-chave para a ascensão desses países não teriam sido seus setores tradicionalmente líderes em exportações. O setor de eletrônicos é o setor líder da Malásia (38% das exportações em 2017), e o de mineração é o do Chile (55% das exportações). Esses setores seriam dominados por multinacionais, que geraram poucas ligações com empresas locais e baixa inovação. Os setores-chave seriam produtos derivados do petróleo, óleo de palma e borracha no caso malaio, e salmão, vinho, frutas e silvicultura no caso chileno. Setores baseados em recursos naturais, mas que conseguiram, com apoio do Estado, adicionar valor e se diversificar dentro de cada um dos setores. Em comum entre esses setores estaria a predominância de empresas locais, o que teria facilitado a acumulação de capacidade tecnológica. As políticas adotadas foram variadas, desde as mais comuns como apoio a P&D, passando por conteúdo local (petróleo), nacionalizações (óleo de palma e borracha), proibição de exportação (madeira) e programas intergovernamentais de transferência de tecnologia (salmão e frutas). Os autores mediram a importância desses setores pela performance exportadora. Os do Chile atingiram 28% das exportações e o superávit comercial vem crescendo desde os anos 1990, atrás apenas da mineraçã. Os da Malásia atingiram 21%, com superávit superior ao de eletrônicos



Aliás, o Chile é o país da América que possui mais recursos minerais per capita, segundo o Banco Mundial. O modelo dependente de exportações de cobre é vulnerável e sujeito a retornos decrescentes e graves danos ambientais
Para alguns analistas, o desempenho recente do país não foi uma ascensão, mas uma recuperação (parcial) do seu patamar histórico de renda
medium.com/@pseudoerasmus…
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Dados mais recentes, que coincidem com a desaceleração chinesa, mostram que o Chile parece estar voltando à armadilha
A intensidade tecnológica de todos os setores mencionados é muito menor do que a dele
P&D/VA (%): (investimentos em pesquisa sobre valor adicionado) por setor
Eletrônicos: 24,05
Borracha: 3,58
Papel: 1,58
Alimentos e bebidas: 1,44
Produtos de petróleo: 1,17
Mineração: 0,8
Produtos de madeira: 0,7
Agricultura, silvicultura e pesca: 0,27