O mapa esquemático de porcentagem de empregos totais acima mostra uma composição típica de empregos de uma economia rica e desenvolvida: Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Reino Unido. Pelo menos 30% da população esta ocupada nos dois setores de ponta em termos de produtividade per capita intrínseca: manufaturas e serviços sofisticados. São setores com fartas inovações tecnológicas, economias de escala e externalidades de conhecimento. Os outros 50% da população estão empregados em setores de serviços não sofisticados; estes são praticamente iguais em países pobres, ricos ou intermediários. A agricultura de um pais rico é extremante produtiva e não emprega ninguém; o mesmo vale para o setor de extrativismos e utilidades publicas (água, luz, esgoto). A construção civil em geral emprega algo como 7 a 10% da população total. E num pais pobre, como fica esse mapa de empregos? Basicamente os setores de manufaturas e serviços sofisticados não existem. Países de renda per capita média tem esses setores parcialmente constituídos. No Brasil o total do emprego nas manufaturas está perto de 10%, nos serviços sofisticados em 14%. Em países muito pobres a população empregada na agricultura supera os 20% podendo chegar a quase metade do emprego; são os casos de agricultura de subsistência analisados pelos economistas estruturalistas. Sem a “construção” de um setor manufatureiro e de serviços sofisticados não ha desenvolvimento econômico.
Além da proporção de empregos nos setores de ponta de uma economia é importante tambem analisar o que especificamente se produz. Sabemos, por exemplo, que a manufatura alemã, coreana e japonesa é muito mais sofisticada do que a brasileira. Assim 15% de emprego manufatureiro em cada um desses países pode significar coisas bem diferentes. Uma comparação interessante da qualidade distinta dessas manufaturas pode ser feita a partir dos índices de complexidade econômica. O gráfico abaixo mostra uma dispersão para alguns países entre o total de empregos sofisticados (manufaturas + serviços sofisticados) e complexidade econômica
meu paper sobre o tema: https://www.researchgate.net/project/Sophisticated-jobs-matter-for-economic-development-an-empirical-analysis-based-on-input-output-matrices-and-economic-complexity, outros papers sobre o assunto: http://www.adb.org/publications/manufacturing-matters-its-jobs-that-count, paper de D. Rodrik sobre o tema,
Paulo, países desenvolvidos, 30 por cento nos 2 setores de ponta; Brasil, 24 por cento. Não é proximidade demais para a distância que mantemos em desenvolvimento?
Caro, sem dúvida que é próximo! Mas temos que olhar também a dimensão do que é produzido nessas manufaturas e serviços. Nesse quesito a análise de complexidade ajuda bem. A manufatura japonesa, coreana e alemã é muito mais complexa e sofisticada do que a brasileira!
paulo, no caso brasileiro, agricultura é super importante. Empregar pouco significa que muita gente será excluida do campo. Isso não é um contra senso? Nao seria melhor tornar essa agricultura mais complexa?
O problema é que agricultura de ponta emprega só 2% da pessoas em todos países do mundo! O resto é agricultura familiar, de baixa produtividade!
É correto dizer que a agricultura familiar responde pelo sustento do consumo de alimentos?
Hoje o grosso vem de agricultura empresarial!